sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Samambaia

Samambaia

Os fetos, fetas, samambaias são plantas vasculares que não produzem sementes - reproduzem-se por esporos, que dão origem a um indivíduo geralmente insignificante e de vida curta (o protalo), que por sua vez produz gâmetas para dar origem a uma nova planta. As plantas totalmente desenvolvidas são formadas por um caule, normalmente um rizoma. As folhas, chamadas frondes neste grupo, são muitas vezes compostas ou recompostas, ou ainda em forma de língua e possuem, na sua face inferior (ou abaxial), pequenos
Etimologia

"Feto" e "feta" originam-se do termo latino filictu2 . "Samambaia" origina-se do termo tupi ham ã'bae, que significa "o que se torce em espiral"

Descrição

Esta definição geral inclui não só as conhecidas samambaias de grandes folhas verdes, mas também vários outros grupos de plantas que tradicionalmente estão (ou estiveram) na divisão Plantae/Pteridophyta, mas que, atualmente, distribuem-se em várias divisões.

Este artigo refere-se às "verdadeiras" samambaias, incluídas no grupo dos Fetos (ou fetas) leptoesporangiados (por partilharem oleptosporângio, ver abaixo). Este é o grupo mais diversificado de plantas verdes depois das espermatófitas, com mais de 12 000espécies presentes no mundo, principalmente em climas tropicais.

O esporófito das samambaias - a planta adulto|adulta que normalmente vemos - é formada por:

·         Um rizoma, ou seja, um caule rastejante, em grande parte subterrâneo, sem nós e constituído apenas por tecidos primários(epiderme, parênquima, xilema e floema), embora algumas espécies desenvolvam um tronco vertical - os fetos arbóreos ou xaxins;

·         Rizoides, normalmente finas e resistentes, nascentes nas bases das folhas;

·         Frondes ou folhas verdes (com capacidade fotossintética) formadas por:

·         Um pecíolo, também chamado estipe, cujas características são muitas vezes usadas para classificar os fetos em gêneros e famílias;

·         A lâmina, ou seja, a parte verde da folha, que é muitas vezes composta em pinas ou recomposta em pínulas; o eixo ou nervura central da lâmina tem o nome de raqueráquis;

·         soros que são conjuntos de esporângios, normalmente na página abaxial das frondes - estas, também chamadas folhas ou frondes férteis podem ser diferentes das folhasvegetativas;


Samambaias são pteridófitas. Ao contrário das folhas das espermatófitas, que crescem lateralmente, as frondes dos fetos crescem a partir dum meristema apical, na sua extremidade, desenrolando-se à medida que crescem, num processo conhecido por vernação circinada

Sucuri















Particularidades
A sucuri é a maior serpente do mundo e pode viver até 30 anos. As fêmeas são maiores que os machos, atingindo a maturidade sexual por volta dos seis anos de idade. Há muitas narrativas sobre ataques dessas serpentes a seres humanos; no entanto, em sua maioria, os casos são fictícios, principalmente no que se diz respeito a tamanho real do animal. Muitos admitem terem sido atacados por espécies com mais de 10 metros. De fato, a maior sucuri de que se tem registro por fonte confiável media 11 metros e 65 centímetros e foi encontrada pelo marechal Cândido Rondon, no início do século XX.
Quanto aos ataques, existem alguns casos de vítimas humanas, tal como o de um menino índio de 12 anos, que foi devorado por uma sucuri de grande porte, na década de 1980. Também houve o caso de adultos nativos que estavam embriagados, à beira do rio, e foram sufocados ou afogados antes de serem devorados. Estes casos foram fotografados e hoje as imagens são vendidas como suvenir na rodoviária de Ji-Paraná.
Ocorreu em 2013, a história de um deputado brasileiro que perdeu a vida depois de ser engolido por uma sucuri ou cobra Sucuri.O ataque Cobra ocorreu quando o legislador de Santa Catarina foi a bordo de um barco e tomou um gole de álcool, quando de repente ele foi atingido pela cobra que engoliu quase que imediatamente.1
Em 1997, foi lançado Anaconda, um filme de terror sobre a serpente, o qual foi gravado no Brasil e, no Peru.
Mitologia indígena brasileira

Segundo o mito fundador Kaxinawá, houve um homem, Yube, que, ao se apaixonar por uma mulher-anaconda, transformou-se em anaconda também e passou a viver com ela no mundo profundo das águas. Nesse mundo, Yube descobriu uma bebida alucinógena com poderes curativos e de acesso ao conhecimento. Um dia, sem avisar a esposa-anaconda, Yube decide voltar à terra dos homens e retomar a sua antiga forma humana. O mito explica também a origem do cipó ou ayahuasca - bebida alucinógena tomada ritualisticamente pelos Kaxinawá. 2 3 4

Pinguim






















Pinguim
O pinguim é uma ave Spheniscidae, não voadora, característica do Hemisfério Sul, em especial na Antárctida e ilhas dos mares austrais, chegado à Terra do Fogo, Ilhas Malvinas e África do Sul, entre outros. Apesar da maior diversidade de pinguins se encontrar na Antártida e regiões polares, há também espécies que habitam nos trópicos como por exemplo o pinguim-das-galápagos. A morfologia dos pinguins reflete várias adaptações à vida no meio aquático: o corpo é fusiforme; as asas atrofiadas desempenham a função de barbatanas e as penas são impermeabilizados através da secreção de óleos. Os pinguins alimentam-se de pequenos peixes, krill e outras formas de vida marinha, sendo por sua vez vítimas da predação de orcas e focas-leopardo.
Os primeiros pinguins apareceram no registo geológico do Eocénico.
O pinguim é uma ave marinha e excelente nadadora. Chega a nadar com uma velocidade de até 45 km/h e passa a maior parte do tempo na água.
Os pinguins constituem a família Spheniscidae e a ordem Sphenisciformes (de acordo com a taxonomia de Sibley-Ahlquist, fariam parte da ordem Ciconiformes).
Aspectos biológicos
Pinguins são muito adaptados à vida marinha. As asas atrofiadas são inúteis para vôo no ar, porém na água são muito ágeis. Na terra, os pinguins usam a cauda e asas para manter o equilíbrio na postura erecta.
Todos os pinguins possuem uma coloração por contraste para camuflagem (vistos ventralmente a cor branca confunde-se com a superfície refletiva da água, visto dorsalmente a plumagem preta os torna menos visíveis na água).
Possuem uma camada isolante que ajudam a conservar o calor corporal na água gelada antártica. O Pinguim-imperador possui a maior massa corporal de todos os pinguins, o que reduz ainda mais a área relativa e a perda de calor. Eles também são capazes de controlar o fluxo de sangue para as extremidades, reduzindo a quantidade de sangue que esfria mas evitando as extremidades de congelar. Eles frequentemente agrupam-se para conservar o calor e fazem rotação de posições para que cada pinguim disponha de um tempo no centro do bolsão de calor.
Eles podem ingerir água salgada porque as glândulas supraorbitais filtram o excesso de sal da corrente sanguínea.1 2 O sal é excretado em um fluido concentrado pelas passagens nasais.
Alimentação
A dieta dos pinguins dos gêneros Aptenodytes, Megadyptes, Eudyptula e Spheniscus consiste principalmente em peixes . O gênero Pygoscelis fundamentalmente de plâncton. A dieta do género Eudyptes é pouco conhecida, mas acredita-se que muitas espécies alimentam-se de plâncton. Em todos os casos a dieta é complementada com cefalópodes e plâncton.
Reprodução

Há espécies de pinguins cujos pares reprodutores acasalam para toda a vida enquanto que outros fazem-no apenas durante uma época de reprodução. Normalmente, os progenitores cooperam nos cuidados com os ovos e com os juvenis. A forma do ninho varia, segundo a espécie de pinguim: alguns cavam uma pequena fossa, outros constroem o ninho com pedras e outros utilizam uma dobra de pele que possuem ventralmente para cobrir o ovo. Normalmente, o macho fica com o ovo e mantém-no quente, e a fêmea dirige-se para o mar com vista a encontrar alimento. Quando no seu regresso, o filhote terá alimento e então os papéis invertem-se: a fêmea fica em terra e o macho vai à procura de alimentos.

Rato do cacau















Rato-do-pacífico
O rato-do-pacífico ou kiore (Rattus exulans) é uma espécie de mamífero roedor com uma distribuição geográfica vasta na zona do Pacífico e Sudeste Asiático. Originalmente confinado ao continente, o rato-do-pacífico acompanhou a expansão polinésia pelos arquipélagos do Pacífico, colonizando juntamente com o Homem ecossistemas até então livres de predadores do seu género. O rato-do-pacífico, que se adapta a uma grande variedade de habitats, desde que haja alimento em abundância, é considerado como uma espécie invasora, responsável, pelo menos em parte, por inúmeras extinções de espécies nativas, em particular de aves não voadoras ou que nidificavam ao nível do solo.
O rato-do-pacífico é um roedor esguio, com cerca de 15 cm de comprimento e cerca de 80 g de peso. As populações que vivem em climas frios são maiores que as de climas tropicais. A cauda pode ser tão comprida como o resto do corpo e está coberta por pequenas escamas. A pelagem é de cor castanha e a zona ventral é esbranquiçada.
A época de reprodução dos ratos-do-pacífico é contínua: cada fêmea pode dar à luz até quatro vezes por ano. Cada ninhada contém em média quatro juvenis, mas o número varia com a quantidade de alimento disponível. O período de gestação é de 19-21 dias e as crias tornam-se independentes da progenitora com cerca de 4 semanas de idade. A maturidade sexual é atingida com cerca de oito meses. A rapidez de reprodução e maturidade do rato-do-pacífico é um dos factores do seu sucesso ecológico.
O rato-do-pacífico é uma espécie oportunística que coloniza com sucesso uma enorme variedade de ecossistemas e que consome uma grande diversidade de alimentos, incluindo folhas, ervas, sementes, frutos e pequenos invertebrados como minhocas e insectos. A sua grande preferência é, no entanto, a cana-de-açúcar que, quando disponível, representa 70% da sua dieta. Na presença de espécies nativas inadaptadas à sua presença, o rato-do-pacífico explora todas as facilidades, alimentando-se de ovos e juvenis de aves ou répteis. Os ecossistemas da Nova Zelândia foram particularmente afectados pela introdução do rato-do-pacífico, que chegou juntamente com os maori. A invasão conjunta de humanos, roedores e outras espécies invasoras provocou uma hecatombe nas espécies locais e uma série de extinções.

O rato-do-pacífico não tem importância económica para o Homem, pelo contrário, provoca destruição de colheitas de cana-de-açúcar, em particular no Havaí. Outras colheitas afectadas são o cacau, ananás, coco, milho e arroz. Por causa desta ameaça à agricultura e ecossistemas locais, a erradicação do rato-do-pacífico está em curso em muitos arquipélagos do Pacífico.

Urso Polar

Ursus maritimus
O urso-polar (nome científico: Ursus maritimus), também conhecido como urso-branco, é uma espécie de mamífero carnívoro da família Ursidae encontrada no círculo polar Ártico. Ele é o maior carnívoro terrestre conhecido e também o maior urso, juntamente com o urso-de-kodiak, que tem aproximadamente o mesmo tamanho. Embora esteja relacionado com o urso-pardo, esta espécie evoluiu para ocupar um estreito nicho ecológico, com muitas características morfológicas adaptadas para as baixas temperaturas, para se mover sobre neve, gelo e na água, e para caçar focas, que compreende a maior porção de sua dieta.
A espécie está classificada como "vulnerável" pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (UICN), com oito das dezenove subpopulações em declínio. Entre as ameaças que atingem o urso estão o desenvolvimento da região com a exploração de petróleo e gás natural, contaminação por poluentes, caça predatória e efeitos da mudança climática no habitat. Por centenas de anos, o urso-polar têm sido uma figura chave na vida cultural, espiritual e material dos povos indígenas do Ártico, aparecendo em muitas lendas e contos desses povos.
Nomenclatura e taxonomia
A espécie foi descrita como Ursus maritimus por Constantine John Phipps, 2º Barão de Mulgrave, em seu livro "A voyage towards the North Pole" publicado em 1774.4 (a) Em 1825, John Edward Gray cunhou o termo genérico Thalarctos(b) para o urso-polar levando em conta as diferenças na coloração, formato do crânio, número de pré-molares e nos hábitos.5 A taxonomia da espécie passou por mudanças ao longo dos anos, com uma corrente de pesquisadores sustentando que a espécie merecia figurar em um gênero distinto, sendo assim utilizando o binômio Thalarctos maritimus,6 7 8 9 enquanto outro grupo continuava a usar a combinação original da espécie, fazendo com que a mesma permanecesse no gênero Ursus.10 11 12 13 14 A controversa posição taxonômica da espécie só foi estabilizada na década de 1990, quando análises genéticas, especialmente de sequências de DNA mitocondrial, comprovaram a relação próxima entre o urso-pardo e o urso-polar.15 16
Filogenia do urso-polar
DNA mit.            


Ursus arctos



Ursus arctos



Ursus arctos "ABC"


Ursus maritimus





Ursus americanus


DNA nuclear     


Ursus arctos


Ursus maritimus



Ursus americanus


A filogenia construída a partir do DNA mitocondrial coloca o urso-polar dentro do clado do urso-pardo, fazendo com que o mesmo se torne parafilético (colchete verde). A filogenia construída do DNA nuclear posiciona urso-pardo e polar como grupos-irmãos.
O estudo do DNA mitocondrial revelou que o urso-pardo era parafilético em relação ao polar, com os animais do arquipélago de Alexander (especialmente os indivíduos das ilhas Admiralty, Baranof e Chichagof), no sudeste do Alasca, mais próximos aos ursos-polares do que do restante dos ursos-pardos.17 Pesquisas subjacentes corroboraram estes resultados e sugeriram que os espécimes presentes no arquipélago Alexander representavam os descendentes que originaram o urso-polar.18 19 16 Um estudo divergente estipulou os indivíduos da Irlanda como prováveis descendentes da linhagem polar.20 Em 2012, um estudo analisando DNA nuclear colocou o urso-polar fora do clado do urso-pardo, restaurando a monofilia de ambas as espécies.21 Híbridos férteis entre ursos-polares e pardos são conhecidos em cativeiro,22 entretanto, são extremamente raros na natureza.19 . Em 2006, um animal híbrido foi morto no extremo sul da ilha Banks, no ártico canadense, e apresentava características mistas como a pelagem branca intermeada com manchas castanhas, garras longas, face côncava e uma corcova. Exames de DNA confirmaram que o híbrido provinha de uma mãe urso-polar e um pai urso-pardo.23 24
O urso-polar é uma espécie monotípica, não sendo reconhecida nenhuma subespécie. No passado alguns pesquisadores reconheciam a existência de subespécies e até de várias espécies de ursos-polares, como Theodor Knottnerus-Meyer, que em 1908 descreveu quatro novas espécies e uma nova subespécie, e Alexei Andreevich Byalynitsky-Birula que em 1932 reconhecia um espécie com três subespécies.25 T. H. Manning entre 1959 e 1966 realizou uma investigação morfométrica em diversos animais coletados em diferentes partes da área de distribuição e determinou não haver qualquer diferença que justificasse múltiplas espécies, como também, que entre os espécimes estudados todos pertenciam a uma única subespécie atual.25 Em 1998, Dale W. Rice reconheceu duas subespécies, Ursus maritimus maritimus para as populações do Atlântico e Ursus maritimus marinus para as do Pacífico, baseado no tamanho do crânio.26 Entretanto, a subdivisão do urso-polar em duas subespécies não têm justificativa.27 Uma subespécie fóssil, Ursus maritimus tyrannus, foi identificada por Björn Kurtén em 1964, baseada em uma única ulna encontrada em Kew Bridge, Londres, datada do Pleistoceno.10 Entretanto, uma reanálise feita por pesquisadores do Museu de História Natural de Londres concluiu que o espécime de Kew é na verdade um variedade de Ursus arctos.28


Híbrido de urso polar/pardo taxidermizado exposto no Rothschild Museum, Tring, Inglaterra.
O registro fóssil do urso-polar é bem pobre, e sua história evolutiva não é muito bem conhecida.28 O registro mais antigo para a espécie é uma mandíbula datada de 130 000 a 110 000 anos atrás, encontrada em Prince Charles Foreland, Svalbard, em 2004.28 Outros achados subfósseis são conhecidos da Groenlândia, Noruega, Suécia, Dinamarca e Canadá. Dos exemplares provenientes do sul da Escandinávia, seis foram datados de um período entre 12 500 e 10 500 a.p. sugerindo fortemente que a distribuição do urso-polar foi influenciada pela variação climática durante o Pleistoceno Superior e o Holoceno Inferior e que ele apresentava uma distribuição mais meridional que no Presente.29 A análise morfométrica da mandíbula, quando comparada com exemplares de ursos-pardos e de ursos-polares atuais e de outros restos subfósseis encontrados, demonstram que o espécime têm as mesmas características que os animais atuais e que possivelmente se tratava de um macho adulto.28 A descoberta desta mandíbula confirma que o urso-polar já era uma espécie distinta a pelo ou menos 110 000 anos.19
O tempo de divergência entre as duas linhagens varia entre os pesquisadores e a metodologia utilizada. Kúrten, com base no estudo do material subfóssil, sugeriu uma origem tardia para o urso-polar, estipulando que a espécie tenha evoluído entre 70 e 100 mil anos.10 Estudos moleculares de relações evolutivas entre as espécies atuais diferem consideravelmente no tempo de divergência entre o urso-polar e o urso-pardo. Alguns pesquisadores corroboraram uma origem recente entre 70 000 e 100 000 anos,30 enquanto outros chegaram a períodos mais antigos como entre 2 e 3 milhões de anos (Ma),31 entre 1 e 2 Ma,18 entre 1 e 1,5 Ma,32 1,320 Ma,33 , entre 1,170 Ma e 660 000 ,34 e 600 000.21
Distribuição geográfica e habitat
O urso-polar é encontrado no círculo polar ártico e áreas continentais adjacentes. A área de distribuição inclui territórios em cinco países: Dinamarca (Groenlândia), Noruega (Svalbard), Rússia, Estados Unidos (Alasca) e Canadá.2 Os limites meridionais de sua distribuição são determinados pela disposição anual do gelo flutuante e do gelo permanente durante o inverno. A espécie têm sido registrada ao norte até 88º e ao sul até a ilha St. Matthew e ilhas Pribilof, no mar de Bering, e baía de James e ilha de Terra Nova, no Canadá.35 Avistamentos esporádicos são relatados em Berlevåg na Noruega continental e nas ilhas Kurilas no mar de Okhotsk.[quem?] Além disso, animais errantes ocasionalmente chegam na Islândia.2

Na décadas de 1960 e 1970, os pesquisadores começaram a obter informações sobre a estrutura das populações de urso-polar dispersas por todo o Ártico e sobre a movimentação realizada pelos mesmos.36 Em 1993, durante o encontro da "IUCN's Polar Bear Specialist Group", a primeira tabela oficial da situação dessas populações foi formalizada com reconhecimento de quinze subpopulações.37 Em 2009, um total de dezenove subpopulações foram reconhecidas.38 Estes grupos reconhecidos devido a uma fidelidade sazonal à algumas áreas em particular, são geneticamente similares,39 não havendo evidências de que algum grupo tenha evoluído separadamente por períodos significativos de tempo.36

Arara Azul

Arara-azul-grande
A arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus), também chamada arara-jacinto,2 araraúna,3 arara-preta3 e araruna,3 é uma ave da família Psittacidae que vive nos biomas da Floresta Amazônica e, principalmente, no do Cerrado e Pantanal. Possui uma plumagem azul com uma pele nua amarela em torno dos olhos e fita da mesma cor na base da mandíbula. Seu bico é desmesurado, parecendo ser maior que o próprio crânio. Sua alimentação, enquanto vivendo livremente, consiste de sementes de palmeiras (cocos), especialmente o licuri.
Etimologia
"Arara" é oriundo do tupi a'rara.4 "Jacinto" é uma referência à flor homônima, também de coloração azul. "Araraúna" e "araruna" são oriundos do tupi a'rara una, que significa "arara preta",3 "arara escura".5
Descrição
Essa arara torna-se madura para a reprodução aos três anos e sua época reprodutiva ocorre entre novembro e janeiro. Nascem dois filhotes por vez e a incubação dura cerca de trinta dias. Depois que nascem, as araras-azuis-grandes ficam cerca de três meses e meio no ninho, sob o cuidado dos pais, até se aventurarem no primeiro voo. A convivência familiar dura até um ano e meio de idade, quando os filhotes começam a se separar gradativamente dos pais.

Esta espécie ainda é avistada em três áreas brasileiras e em pequenas partes do território boliviano.6 A Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção proíbe sua venda, mas a arara-azul-grande é popular no comércio ilegal de aves.6

Onça

Panthera onca
A onça-pintada (nome científico: Panthera onca), também conhecida por pintada, onça-verdadeira, jaguar, jaguarapinima, jaguaretê, acanguçu, canguçu, tigre5 e "onça-preta" (somente no caso dos indivíduos melânicos), é uma espécie de mamífero carnívoro da família Felidae encontrada nas Américas. É o terceiro maior felino do mundo, após o tigre e o leão, e o maior do continente americano. Ocorria nas regiões quentes e temperadas, desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, estando, hoje, porém, extinta em diversas partes dessa região. Nos Estados Unidos, por exemplo, está extinto desde o início do século XX, apesar de relatos de que possivelmente ainda ocorre no Arizona.
Se assemelha ao leopardo fisicamente, se diferindo desse, porém, pelo padrão de manchas na pele e pelo tamanho maior. As características do seu comportamento e do seu habitat são mais próximas às do tigre. Pode ser encontrada principalmente em ambientes de florestas tropicais, mas também é encontrada em ambientes mais abertos. A onça-pintada está fortemente associada com a presença de água e é notável, juntamente com o tigre, como um felino que gosta de nadar. É, geralmente, solitária. É um importante predador, desempenhando um papel na estabilização dos ecossistemas e na regulação das populações de espécies de presas. Tem uma mordida excepcionalmente poderosa, mesmo em relação aos outros grandes felinos.6 Isso permite que ela fure a casca dura de répteis como a tartaruga e de utilizar um método de matar incomum: ela morde diretamente através do crânio da presa entre os ouvidos, uma mordida fatal no cérebro.7 8
Está ameaçada de extinção e seu número está em queda. As ameaças à espécie incluem a perda e a fragmentação do seu habitat. Embora o comércio internacional de onças ou de suas partes esteja proibida, o felino ainda é frequentemente morto por seres humanos, particularmente em conflito com fazendeiros e agricultores na América do Sul. Apesar de reduzida, sua distribuição geográfica ainda é ampla.
A onça faz parte da mitologia de diversas culturas indígenas americanas, incluindo a dos maias, astecas e guarani. Na mitologia maia, apesar de ter sido cotada como um animal sagrado, era caçada em cerimônias de iniciação dos homens como guerreiros.
Etimologia
"Onça" origina-se do termo grego lygx, através do termo latino luncea e do termo italiano lonza.5 No Brasil, o nome "onça-pintada" é o mais utilizado, sendo que "pintada" é uma alusão à pelagem cheia de manchas e rosetas, ao contrário da outra "onça", a onça-parda.5
"Jaguar" origina-se do termo tupi ya'wara, e pode ser traduzido como "fera" e até "cão", já que o termo era utilizado pelos indígenas para se referir a qualquer "fera" antes da chegada dos europeus.9 Com a colonização européia e a chegadas dos cães, a palavra passou a ser usada apenas como referência aos cachorros, e "ya'wara-etê" passou a se referir à onça-pintada, originando o termo "jaguaretê".9 Este último termo significa "fera verdadeira", através da junção de ya'wara (fera) e eté (verdadeiro).9 "Yaguareté" é um nome usado em países de língua espanhola em que há muitos descendentes dos guaranis, como a Argentina e Paraguai.9 "Acanguçu" e "canguçu" originam-se do termo tupi akãgu'su, que significa "cabeça grande", através da junção de akanga (cabeça) e usu ("grande").5 "Jaguarapinima" vem do tupi ya'wara (onça) e pi'nima (pintada)5 . "Tigre" é um termo de origem iraniana.5
A designição "pantera", vem do latim, panthera, que também é o primeiro componente do nome científico. Panthera, em grego, é uma palavra para leopardo, πάνθηρ. A palavra é uma composição de παν- "todos" e θήρ vem de θηρευτής "predador", significando "predador de todos" (animais), apesar de que esta deve ser considerada uma etimologia popular.10 A palavra deve ter uma origem do Sânscrito, "pundarikam", que significa "tigre".11
Taxonomia e evolução
A onça-pintada é o único membro atual do gênero Panthera no Novo Mundo. Filogenias moleculares evidenciaram que o leão, o tigre, o leopardo, o leopardo-das-neves e o leopardo-nebuloso compartilham um ancestral em comum exclusivo, e esse ancestral viveu entre seis e dez milhões de anos atrás apesar do registro fóssil apontar o surgimento do gênero Panthera entre 2 000 000 e 3 800 000 de anos atrás.12 13 Estudos filogenéticos geralmente mostram o leopardo-nebuloso como um táxon basal ao gênero Panthera.12
Baseado em evidências morfológicas, o zoológo britânico Reginald Pocock concluiu que a onça-pintada é mais próxima ao leopardo.14 Entretanto, filogenias baseadas no DNA são inconclusivas à posição da onça-pintada em relação às outras espécies do gênero, mas coloca a onça-pintada como mais próxima do leão.12 Fósseis de espécies extintas do gênero Panthera, como o jaguar-europeu (Panthera gombaszoegensis) e o leão-americano(Panthera atrox), mostram características tanto da onça-pintada quanto do leão.14 Entretanto, é possível que o jaguar-europeu seja uma subespécie da atual onça-pintada.15 Análise do DNA mitocondrial apontam para o surgimento da espécie entre 280 000 e 510 000 anos atrás, bem depois do que é sugerido pelo registro fóssil.16
Ancestral asiático
Apesar de habitar o continente americano, a onça-pintada descende de felinos do Velho Mundo. Cerca de 2,87 milhões de anos atrás, a onça-pintada, o leão e o leopardo, compartilharam um ancestral comum na Ásia.17 12 No início do Pleistoceno, os precursores da atual onça atravessaram a Beríngia e chegaram na América do Norte: a partir daí alcançaram a América Central e a América do Sul.17 A linhagem da onça-pintada se separou da linhagem do leão (que compartilham um ancestral comum exclusivo, sendo a espécie mais próxima da onça-pintada), há cerca de 2 milhões de anos.12
Subespécies e Variação Geográfica
A última delineação taxonômica foi feita por Pocock em 1939. Baseado em origens geográficas e morfologia de crânio, ele reconheceu oito subespécies. Entretanto, ele não teve acesso a um número suficiente de espécimes para fazer uma análise crítica das subespécies, e expressou dúvida sobre a validade de várias delas. Uma reconsideração posterior reconheceu apenas três subespécies.18
Estudos recentes não demonstraram a existência de subespécies bem definidas, e muitos nem reconhecem a existência delas.19 Larson (1997) estudou a variação morfológica na onça-pintada e demonstrou que existe variação clinal entre a ocorrência sul e norte da espécie, mas a variação dentro das subespécies é maior do que entre elas, e portanto, não há garantia da existência das subespécies.20 Um estudo genético confirmou a ausência de divisões geográficas entre as populações, apesar de que foi demonstrado que grandes barreiras geográficas, como o rio Amazonas, limita o fluxo gênico entre as populações.16 Um estudo subsequente, caracterizou mais detalhadamente a variação genética e encontrou diferenças populacionais nas onças da Colômbia.21
As divisões de Pocock (1939) ainda são regularmente citadas em muitas decrições do felino. Seymour reconhece apenas três subespécies.18
Panthera onca onca: Venezuela através da bacia amazônica, incluindo
P. onca peruviana : costa do Peru
P. onca hernandesii : oeste do México – incluindo
P. onca centralis : El Salvador até Colômbia
P. onca arizonensis : sul do Arizona até Sonora, México
P. onca veraecrucis: centro do Texas até o sudeste do México
P. onca goldmani : península de Yucatán até Belize e Guatemala
P. onca palustris (a maior subespécie, pesando mais de 135 kg):22 Ocorre no Pantanal, regiões do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Brasil, ao longo da bacia do rio Paraguai no Paraguai e nordeste da Argentina.
Distribuição geográfica e habitat
A onça-pintada é presente desde o México, passando pela América Central, até a América do Sul, incluindo toda a bacia Amazônica, no Brasil.3 Os países que a onça-pintada ocorrem são: Argentina, Belize, Brasil, Bolívia, Colômbia, Costa Rica (particularmente na península de Osa), Equador, Guiana Francesa, Guatemala, Guiana, Honduras, México,Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, Estados Unidos e Venezuela. Foi extinta de El Salvador e do Uruguai.2 Ocorre nos 400 km² do Reserva Natural de Cockscomb em Belize, nos 5 300 km² da Reserva da Biosfera Sian Ka'an, no México, nos 15 000 km² do Parque Nacional de Manú no Peru, nos 26 000 km² do Parque Indígena do Xingu e nos cerca de 1 800 km² do Parque Nacional do Iguaçu, ambos no Brasil, e em muitas outras unidades de conservação ao longo de sua distribuição.
A inclusão dos Estados Unidos na lista é baseada em ocorrências casuais no sudoeste do país, nos estados do Arizona, Texas e Novo México.23 No início do século XX, a onça-pintada ocorria ao norte até o Grand Canyon e ao oeste até o Sul da Califórnia.23
A ocorrência histórica da espécie inclui a metade sul dos Estados Unidos no limite norte, e quase todo continente sul-americano, no limite sul. Atualmente, sua distribuição ao norte recuou 1 000 km, e ao sul, cerca de 2 000 km. Fósseis de onça-pintada, datados entre 40 000 e 15 000 anos atrás, mostram a ocorrência dessa espécie na era do Gelo até o Missouri.24
A onça-pintada habita florestas tropicais na América do Sul e América Central, áreas abertas, e com inundações periódicas, como o Pantanal. Há uma preferência por áreas de floresta densa e chuvosa, sendo escassa em regiões mais secas, como nos pampas argentinos, nas secas savanas do México, e sudoeste dos Estados Unidos.25 A onça ocorre em florestas tropicais, subtropicais e secas (incluindo, historicamente, as florestas de carvalho nos Estados Unidos). A onça-pintada é dependente de cursos d'água permanentes, vivendo preferencialmente próximo a rios e pântanos, e florestas chuvosas. Não ocorre em altitudes maiores de 3 800 m, e evitam florestas montanas no México e nos Andes.25
Existe evidência de que onças-preta e leopardos introduzidos habitam florestas ao redor de Sydney, Austrália. Moradores da região reportaram a presença de um grande predador de cor negra, mas excursões para capturar o animal falharam em encontrar qualquer vestígio. O ecólogo Johannes J. Bauer acredita de que se tem um grande felino na área, é mais provável que seja um leopardo.26
Descrição
A onça-pintada é um animal robusto e musculoso. Tamanho e peso variam consideravelmente: o peso normalmente está entre 56 a 96 kg. Os maiores machos registrados pesavam até 160 kg (tendo o peso de uma leoa ou tigresa), e as menores fêmeas chegavam a ter 36 kg.27 As fêmeas são entre 10 a 20 % menores que os machos. O comprimento da ponta do focinho até a ponta da cauda varia de 1,2 m a 1,95 m.28 19 Sua cauda é a menor dentre os grandes felinos, tendo entre 45 e 75 cm de comprimento. Suas pernas também são curtas, consideravelmente mais curtas se comparadas a um tigre ou leão com mesma massa corporal, mas são mais grossas e robustas. A onça-pintada tem entre 63 a 75 cm de altura, se medida até a altura dos ombros.29 Comparada ao leopardo, a onça é maior, mais pesada e atarracada.18
Variações no tamanho são observadas ao longo das regiões de ocorrência da onça, com o tamanho tendendo a aumentar nos indivíduos nos limites norte e sul da distribuição geográfica, com os menores indivíduos sendo encontrados na Amazônia e regiões equatoriais adjacentes. Um estudo realizado na Reserva da Biosfera Chamela-Cuixmala na costa do Pacífico no México, reportou medidas de massa corporal ao redor de 50 kg, não muito maior que uma suçuarana.30 Em contraste, no Pantanal, a média de peso foi de cerca de 100 kg, e machos mais velhos não raramente chegavam a pesar mais de 130 kg.31 32 Onças que ocorrem em ambientes florestais frequentemente são mais escuras na coloração da pelagem e menores do que aquelas encontradas em regiões de campos abertos (como no Pantanal), possivelmente, devido ao menor número de presas de grande porte em florestas.25
A forma corporal atarracada e robusta torna a onça-pintada capaz de nadar, rastejar e escalar.29 A cabeça é grande e a mandíbula é desenvolvida e forte. A onça-pintada possui a mordida mais forte de todos os felinos, capaz de alcançar até 910 kgf. É duas vezes a força da mordida de um leão e só não é maior que a da mordida de uma hiena; tal força é capaz de quebrar o casco de tartarugas.7 Um estudo comparativo colocou a onça-pintada como em primeiro lugar em força de mordida, ao lado do leopardo-das-neves, e à frente do leão e do tigre.33 É dito que uma onça é capaz de arrastar um touro de até 360 kg por 8 m e quebrar ossos com as mandíbulas.34 A onça-pintada caça grandes herbívoros de até 300 kg em florestas densas, como a anta, e seu corpo forte e atarracado é uma adaptação a esse tipo de presa e ambiente. A cor de fundo da pelagem da onça é uma amarelo acastanhado, mas pode chegar ao avermelhado e marrom e preto, para todo o corpo.29 As áreas ventrais são brancas.29 A pelagem é coberta por rosetas, que servem como camuflagem, usando o jogo de luz e sombra do interior de florestas densas. As manchas variam entre os indivíduos: rosetas podem incluir um ou várias pontas em seu interior, e a forma das pintas também pode variar. As manchas e pintas da cabeça e pescoço costumam ser sólidas, e na cauda, elas se unem, de forma a aparecer bandas.
Enquanto a onça-pintada lembra o leopardo, além dela ser maior e mais robusta, as rosetas são diferentes nessas duas espécies: as rosetas da pelagem da onça-pintada são maiores, menos numerosas, mais escuras, são formadas por linhas mais grossas e possuem pintas no meio delas, que não são encontradas nas rosetas do leopardo. As onças também possuem cabeças maiores e arredondadas, e membros mais atarracados se comparados com os do leopardo.35
Melanismo
Polimorfismo na cor ocorre na espécie. Variedades melânicas são frequentes. Em indivíduos totalmente pretos, quando visto sob a luz e de perto, é possível observar as rosetas.
A forma totalmente preta (chamada de onça-preta) é mais rara que a forma de cor amarelo-acastanhado, representando cerca de 6 % da população, o que é uma frequência muito maior do que a taxa de mutação.36 Portanto, a seleção natural contribuiu para a frequência de indivíduos totalmente negros na população. Existem evidências de que o alelo para o melanismo na onça-pintada é dominante.37 Ademais, a forma melânica é um exemplo de vantagem do heterozigoto; mas dados de cativeiro não são conclusivos quanto a isso.
Apesar de ser conhecida popularmente como onça-preta, é apenas uma variação natural, não sendo uma espécie propriamente dita.
Indivíduos albinos são muito raros, e foi reportada a ocorrência na onça-pintada, assim como em outros grandes felinos.25 Como é usual com o albinismo na natureza, a seleção natural mantém a frequência da característica próxima à taxa de mutação.
Ecologia e comportamento
A onça-pintada é um superpredador, o que significa que está no topo da cadeia alimentar e não é predada no ambiente em que vive. Também pode ser considerada como uma espécie-chave, já que é importante no controle das populações de mamíferos herbívoros e granívoros, contribuindo para a manutenção da integridade dos ecossistemas florestais.38 39 Entretanto, qual o efeito que a onça-pintada tem no ecossistema é difícil, pois os dados devem ser comparados com ambientes em que ela não ocorre, e controlar o efeito das atividades humanas em tais ambientes. É aceito que presas de tamanho médio aumentam de população na ausência de superpredadores, e pensa-se que isso tem um efeito cascata negativo no ecossistema.40 Porém, trabalhos de campo mostraram que isso pode ser uma variabilidade natural, e que o aumento populacional não se sustenta. Portanto, a hipótese do superpredador não é largamente aceita.41

A onça-pintada também possui um efeito em outros predadores. Ela e a suçuarana ou onça-parda, são frequentemente simpátricos e são estudadas em conjunto. Onde a suçuarana é simpátrica com a onça-pintada, o tamanho da primeira tende a ser menor que o das onça-pintadas locais. Estas últimas tendem a matar presas maiores, geralmente, com mais de 22 kg, e a suçuarana, menores, entre 2 e 22 kg.42 43 Esta parece ser uma situação vantajosa para a onça-parda. Sua capacidade de expandir seu nicho ecológico, incluindo, de se alimentar de presas menores, a torna mais adaptável que a onça-pintada a ambientes perturbados pelo homem;38 o que se reflete em sua maior distribuição geográfica e menor risco de extinção.
Dieta, forrageamento e caça
Como todos os felinos, a onça-pintada é um carnívoro obrigatório, se alimentando somente de carne. É um caçador oportunista, e sua dieta inclui até 87 espécies de animais. A onça pode predar, teoricamente, qualquer vertebrado terrestre ou semi-aquático nas Américas Central e do Sul, com preferência por presas maiores. Ela regularmente preda jacarés, veados, capivaras, antas, porcos-do-mato, tamanduás e até mesmo sucuris.44 45 18 Entretanto, o felino pode comer qualquer pequena espécie que puder pegar, como ratos, sapos, aves (principalmente mutuns), peixes, preguiças, macacos e tartarugas; um estudo conduzido no Santuário de Cockscomb, em Belize, revelou que a dieta das onças era constituída principalmente por tatus e pacas.46 Em áreas mais povoadas ou com grande número de pecuaristas, a onça-pintada preda o gado doméstico, e muitas vezes parece ter um preferência por esse tipo de presa (no Pantanal, foi constatado que até 31,7% de sua alimentação era constituída por bezerros de gado bovino).45 47 Pelo grande porte, é capaz de se alimentar até de outros felinos de tamanho menor, como a jaguatirica (Leopardus pardalis), apesar de ser incomum.48
A onça-pintada geralmente mata com uma mordida no pescoço, sufocando a presa, como é típico entre os mesmo do gênero Panthera, mas às vezes ela mata por uma técnica única entre os felinos: ela morde o osso temporal no crânio, entre as orelhas da presa (especialmente se for uma capivara) com os caninos, acertando o cérebro.49 Isto também permite quebrar cascos de tartaruga, após as extinções do Pleistoceno, quelônios podem ter se tornado presas abundantes em seu habitat.25 50 A mordida na cabeça é empregada em mamíferos, principalmente, enquanto que em répteis, como jacarés, a onça-pintada ataca o dorso do animal, acertando a coluna cervical, imobilizando o alvo. Embora capaz de rachar o casco de tartarugas, a onça pode simplesmente esmagar o escudo com a pata e retirar a carne.51 Quando ataca tartarugas-marinhas que vão nidificar na praia, a onça ataca a cabeça, e frequentemente decapita o animal, antes de arrastá-la para comer.52 Ao caçar cavalos, a onça pode pular sobre o dorso, colocar uma pata no focinho e outra na nuca, de forma de deslocar o pescoço. Moradores de ambientes em que ocorre a onça-pintada já contaram anedotas de uma onça que atacou um par de cavalos, e depois de ter matado um, ainda arrastou o outro, ainda vivo.53 Em presas pequenas, como pequenos cães, uma pancada forte com as patas é suficiente para matar.


Ilustração de uma onça-pintada matando uma anta, o maior animal terrestre de sua distribuição geográfica.
A onça-pintada caça em espreita e formando emboscadas, perseguindo pouco a presa. O felino anda de forma lenta, ouvindo e espreitando a presa, antes de armar a emboscada ou atacá-la. Ela ataca por cima, através de algum ponto cego da presa, com um salto rápido: as habilidades de espreita e emboscada dessa espécie são consideradas inigualáveis tanto por povos indígenas quanto por pesquisadores, e tal capacidade deve derivar do papel de ser um superpredador nos ambientes em que vive. Quando arma a emboscada, a onça pode saltar na água enquanto persegue a presa, já que é capaz de carregar grandes presas nadando, sua força permite levar novilhos para a copa das árvores.51
Após matar a presa, a onça arrasta a carcaça para alguma capoeira ou outro lugar seguro. Começa a comer pelo pescoço e peito, em vez de começar pelo ventre. O coração e pulmões são consumidos, seguidos pelos ombros.51 O requerimento diário de comida de um indivíduo com 34 kg (que é menor peso encontrado em um indivíduo adulto) é de 1,4 kg.23 Para animais em cativeiro, pesando entre 50 a 60 kg, mais de 2 kg de carne são recomendados.54 Em liberdade, o consumo é naturalmente mais irregular: felinos selvagens gastam considerável energia e tempo para obter alimento, e podem comer até 25 kg de carne de uma só vez, seguidos por longos períodos sem se alimentar.55 Ao contrário das outras espécies do gênero Panthera, a onça-pintada raramente ataca seres humanos. Muitos dos escassos casos reportados mostram que tratavam-se de indivíduos velhos ou feridos, com dentes danificados. Às vezes, se feridas ou ameaçadas, as onças podem atacar os tratadores em zoológicos.56
Território e comportamento social
Como muitos felinos, a onça-pintada é solitária, exceto quando formam pequenos grupos de mãe e filhotes. Adultos encontram-se somente no período de corte e acasalamento (embora socializações não relacionadas a esses eventos foram observados anedoticamente51 ) e mantém grandes territórios para si. Os territórios das fêmeas, que têm entre 25 e 40 km² de área, podem se sobrepor, mas os animais geralmente se evitam nesses locais. Machos podem ter áreas duas vezes maiores do que essas, variando o tamanho de acordo com a disponibilidade de recursos, e seus territórios nunca se sobrepõem.51 57 A onça-pintada usa marcas de arranhões, urina e fezes para marcar território.46 58
Como outros grandes felinos, a onça é capaz de rugir59 60 e faz isso para repelir competidores: ataques com indivíduos intrusos podem ser observados em liberdade.50 Seu rugido lembra uma repetitiva tosse, e as vocalizações podem consistir também de grunhidos.32 Brigas por cópulas entre machos podem ocorrer, mas são raras, e comportamentos evitando a agressão podem ser observados46 Quando ocorre, o conflito é tipicamente territorial: o território de um macho geralmente compreende o de uma ou duas fêmeas, e eles não toleram a invasão por intrusos.51
A onça-pintada é geralmente descrita como um animal noturno, mas é, mais especificamente, crepuscular (pico de atividade é durante a madrugada ou o crepúsculo). Ambos os sexos caçam, mas os machos se deslocam para mais longe do que as fêmeas, diariamente, o que é condizente com seus grandes territórios. A onça-pintada pode caçar durante o dia se existe caça disponível; é um felino relativamente enérgico, com cerca de 50 a 60% do tempo mantendo-se ativo.25 A natureza arredia e a inacessibilidade de seus habitats preferidos tornam a onça-pintada um animal difícil de ser avistado e de ser estudado.
Reprodução e ciclo de vida
As fêmeas da onça-pintada alcançam a maturidade sexual com cerca de 2 anos de idade, e os machos entre 3 e 4 anos. Acredita-se que esse felino copule durante todo o ano em estado selvagem, embora os nascimentos se concentrem em épocas que as presas abundem.61 Pesquisas com machos em cativeiro suportam a hipótese de que os acasalamentos ocorrem durante o ano todo, com nenhuma variação em características do sêmen e da ejaculação: baixo sucesso reprodutivo também tem sido observado em cativeiro.62 O estro dura entre 6 e 17 dias, em um ciclo de 37 dias, e fêmeas demonstram o período fértil com marcação de urina e aumento nas vocalizações.61 Ambos os sexos se deslocam mais durante o período da corte.
O casal se separa após o ato sexual, e as fêmeas providenciam todo o cuidado parental. A gestação dura entre 93 e 105 dias: elas podem dar à luz a até quatro filhotes, mas o mais comum é nascerem dois de cada vez. A mãe não tolera a presença de machos após o nascimento dos filhotes, visto o risco de infanticídio: tal comportamento também se observa no tigre.51
Os filhotes nascem cegos, e abrem os olhos após duas semanas. São desmamados após três meses, mas podem permanecer no ninho por até 6 meses, quando passam a acompanhar a mãe nas caçadas.63 Eles continuarão com ela até os dois anos de idade, antes de estabelecerem um território sozinhos. Jovens machos são primeiramente nômades, competindo com outros mais velhos até que conseguem obter um território. Em estado selvagem, a onça-pintada vive entre 12 e 15 anos de idade, mas em cativeiro, pode viver até mais de 23 anos, sendo um dos felinos com maior longevidade.32
Conservação
Atualmente, é classificada, pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, como "quase ameaçada", visto sua ampla distribuição geográfica.2 A onça-pintada é regulada pelo Appêndice I da CITES: todo comércio internacional de onças-pintada é proibido. A caça é proibida na maior parte dos países onde ocorre: Argentina, Colômbia, Guiana Francesa, Honduras, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Venezuela, Estados Unidos e Uruguai; sendo que a caça de "animais-problemas" (aqueles que atacam o gado doméstico) é permitida no Brasil, Costa Rica, Guatemala, México e Peru.31 Na Guiana e no Equador, a espécie carece de proteção legal.31
Estudos detalhados realizados pela Wildlife Conservation Society mostraram que a espécie perdeu 37 % da sua distribuição histórica, e possui um status de conservação desconhecido em 17 % da sua área de ocorrência atual.3 A onça-pintada foi extinta em grande parte do extremo norte e sul de sua distribuição geográfica, assim como em algumas regiões da América Central e no nordeste, leste e sul do Brasil.3 64 Encorajador para a conservação da espécie, é de que a probabilidade de sobrevivência a longo prazo é considerada alta em 70 % de seu habitat, notadamente nas regiões da Amazônia, do Gran Chaco e do Pantanal.3 Entretanto, apenas nesta regiões citadas a onça ainda tem chances de sobrevivência a longo prazo, enquanto que no restante de sua ocorrência, incluindo o México; a América Central; o Cerrado, a Caatinga e a Mata Atlântica, no Brasil; ela encontra-se em algum grau de ameaça de extinção a curto e médio prazo.2 As estimativas populacionais variam ao longo da distribuição geográfica, sendo que em Belize, estimou-e que existiam cerca de 600 a mil onças no país; no México, há variação do grau de conservação ao longo do país , sendo que, em 1990, por exemplo, na província de Chiapas, havia 350 onças; e na Reserva da Biosfera Maya na Guatemala havia entre 465-550.31 As maiores ameaças à onça-pintada são a fragmentação de seu habitat e a caça.2 Em áreas mais alteradas pelo homem, atropelamentos em rodovias que cortam unidades de conservação são também fatores que diminuem significativamente as populações.65 66
A caça para obtenção para o comércio de peles já foi um grande problema na conservação da espécie: na década de 1960, houve uma diminuição significativa no número de indivíduos, pois anualmente mais de 15 000 peles foram exportadas ilegalmente da Amazônia Brasileira.67 A implementação da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção, em 1973, resultou numa forte queda do comércio de peles.67
Entretanto, é a caça por parte de fazendeiros, que considera o animal uma ameaça às criações de gado, uma das atividades que mais tem contribuído para extinções locais da espécie.31 Em áreas próximas a grandes populações humanas, como em Guaraqueçaba, as onças-pintadas acabam mostrando uma preferência pelo gado doméstico, talvez por uma diminuição na densidade populacional de suas presas habituais, o que acaba incomodando os criadores de gado.47
Como observado na região da Mata Atlântica, as estratégias de conservação da onça-pintada são dificultadas pela intensa fragmentação de seu habitat em algumas regiões. Algumas unidades de conservação em que existem onças em pequeno número estão isoladas: como o caso da Reserva Biológica de Sooretama e a Reserva Natural Vale, que contam com menos de 20 indivíduos e são os únicos fragmentos de floresta capazes de abrigar onças-pintada. Sendo assim, é necessário que se criem "corredores" unindo as unidades de conservação, impedindo, inclusive, que os animais precisem sair de áreas florestadas e causar problemas às populações rurais.68 3 69 Foi criada a iniciativa, idealizada por Alan Rabinowitz, de que se una todas as áreas de ocorrência da onça-pintada, desde o norte do México até a América do Sul, constituindo o chamado Paseo del Jaguar.69 68
Conservação no Brasil
O Brasil detém cerca de 50% das populações de onça-pintada em estado selvagem, a maior parte delas, na Amazônia.70 É no Brasil em que se foi registrada as maiores densidades da espécie, também. Ela ocorre em todos os biomas brasileiros (exceto nos Pampas, ao qual já foi extinta), com diferentes estados de conservação em cada um destes.70 Estudos demográficos concluíram que uma população de mais de 200 indivíduos em uma dada unidade de conservação é a adequada para uma sobrevivência a longo prazo da espécie: a maior parte destas áreas protegidas está na Amazônia e no Pantanal. Na Mata Atlântica, nenhuma população é viável por mais de 100 anos.70
Dado esta situação, a onça-pintada é listada como "vulnerável" pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, entretanto, seu status de conservação varia pelo país, sendo considerada "criticamente em perigo" no estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro,71 72 o que alerta para uma extinção da espécie nesses estados em um futuro muito próximo.
Na Mata Atlântica, a população total não ultrapassa estimativas entre 156 e 180 indivíduos, mas a população efetiva não é de mais de 50 indivíduos.73 74 Neste bioma, a Serra do Mar, o Parque Nacional do Iguaçu e o Parque Estadual do Turvo (que são contínuos entre si por meio do "Corredor Verde", da província de Misiones, na Argentina), o Pontal do Paranapanema, o Parque Nacional de Ilha Grande e as várzeas do rio Ivinhema são os locais com as maiores populações de onça-pintada.73 De fato, a espécie está restrita a unidades de conservação nestas regiões, e em número muito reduzido em algumas delas: no Parque Nacional do Iguaçu, um dos últimos locais no sul do Brasil onde ainda é encontrada, estima-se que exista no máximo 12 indivíduos,66 no Parque Nacional do Monte Pascoal, a estimativa está entre 1 e 5 animais, e apenas uma deve ocorrer na Serra do Espinhaço.73 A Mata Atlântica é o bioma tropical com maior probabilidade de extinção da onça-pintada a curto prazo, e apesar de 24% dos remanescentes de floresta serem adequados para a ocorrência da espécie, ela ocorre em apenas 7% deles.74 Ademais, a recuperação das populações de onça-pintada, neste bioma, é problemática, visto o alto grau de degradação e perda de habitat: é necessário a integração, via corredores ecológicos das unidades de conservação onde ela ainda ocorre.75


O Pantanal, no Brasil, é uma das áreas em que existem as maiores populações de onça-pintada.
Na Caatinga, a situação também é crítica, com estimativas não ultrapassando 250 indivíduos adultos, apesar de que pouco se conhece a cerca da demografia da onça-pintada neste bioma.76 A população está dividida em 5 subpopulações, sendo que apenas as que ocorrem no complexo dos parques nacionais da Serra da Capivara e da Serra das Confusões, no Piauí, possuem boas perspectivas de sobrevivência a longo prazo.76 Nestes parques, a densidade de onças ultrapassa 2 indivíduos por 100 km², entretanto, ela é muito baixa em outras regiões, não chegando a 0,5 indivíduo por 100 km².76 Além da crescente perda de habitat, a onça-pintada na Caatinga é ameaçada pela caça, principalmente como forma de retaliação por fazendeiros.76
No Cerrado, a onça-pintada é classificada como situação melhor que na Caatinga e Mata Atlântica, entretanto, ela também está ameaçada, principalmente por conta do agronegócio, que converteu mais da metade do Cerrado em campos cultivados nos últimos 50 anos.77 A construção de usinas hidrelétricas e a mineração também é razão para a perda do habitat.77 A caça como forma de retaliação por fazendeiros e a diminuição de presas disponíveis são ameaças diretas às populações remanescentes, mesmo em áreas protegidas.77 As estimativas é de que não exista mais de 323 indivíduos adultos, divididos em 11 subpopulações.77 A maior parte das onças do Cerrado encontra-se no complexo dos parques nacionais do Araguaia e das Nascentes do Rio Parnaíba, no complexo dos parques nacionais do Grande Sertão Veredas e Cavernas do Peruaçu e no norte de Goiás e sul do Tocantins.77
O Pantanal possui uma das maiores densidades registradas da onça-pintada (entre 6,5 e 7 indivíduos por 100 km²).78 Além, disso, este bioma foi pouco alterado pelo homem, apesar de na bacia do Alto Paraguai mais de 50% da vegetação já ter sido alterada. Essa situação coloca a onça-pintada no Pantanal como "quase ameaçada", situação melhor que no Cerrado ("em perigo"), na Mata Atlântica e Caatinga (ambas em situação "crítica").78 Visto ser região com criação de gado, a caça como retaliação por conta de ataques ao gado, é uma das maiores ameaças.78 Entretanto, em unidades de conservação do Pantanal, como o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense, a onça-pintada tem boas perspectivas de sobrevivência a longo prazo.75 70
Na Amazônia, apesar de ser estimado ocorrer até mais de 10000 indivíduos adultos (a maior estimativa para todos os biomas), com uma densidade média de 1 a 2 onças a cada 100 km² (com maior densidade em áreas alagáveis bem preservadas), é considerada como "espécie vulnerável": o crescente desmatamento, a caça e a diminuição de presas disponíveis coloca a onça-pintada em algum grau de ameaça na Amazônia brasileira.4 As populações não estão separadas, mas em um futuro próximo, ela pode estar divida entre 4 ou 5 subpopulações.4 Destas, 4 estariam no "arco do desflorestamento", e se o atual ritmo de desmatamento continuar, as populações do sudoeste de Rondônia, nordeste do Mato Grosso norte do Maranhão estarão extintas em 100 anos (há chance de sobrevivência apenas das populações no sul do Pará).4 No século XX, principalmente nos anos 60, a grande ameaça à onça-pintada na Amazônia era o comércio internacional de peles, atividade que está proibida atualmente.4 Ainda assim, a caça por conta de conflito de interesses com fazendeiros de gado e a diminuição de presas disponíveis constituem-se em ameaças importantes.4
Um plano nacional para a conservação da espécie foi estabelecido em 2009.79 foram definidas 20 unidades de conservação como prioritárias para a conservação da onça-pintada no Brasil, entre terras indígenas, áreas de uso sustentável e de proteção integral.79 Embora na Amazônia e Pantanal grande parte da vegetação é contínua, isso não ocorre nos outros biomas, principalmente na Mata Atlântica, o que torna necessário estudos de ecologia de paisagem para a aplicação do plano.79 Com a aplicação desse plano, com a integração das várias unidades de conservação da onça-pintada, é possível salvar a espécie da extinção, principalmente por conta de ainda existirem populações saudáveis e viáveis a longo prazo no Brasil.79
Conservação nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos, foi onde ocorreu o recuou da ocorrência ao norte da onça-pintada. Ela foi citada, historicamente, por Thomas Jefferson em 1799.80 Há inúmeras citações da espécie na Califórnia, duas tão ao norte quanto Monterey em 1814 (por Langsdorff) e em 1826 (por Beechey).81 O povo Kumeyaay de San Diego e o povo Cahuilla de Palm Springs tinham palavras para a onça-pintada e ela ocorreu neste locais até 1860.82 A única descrição de uma ninhada de onças nos Estados Unidos foi nas Montanhas Tehachapi da Califórnia, antes de 1860.81 Em 1843, Rufus Sage, um explorador e experiente observador registrou a presença da onça-pintada na nascente do rio Platte Norte, ao norte do Longs Peak no Colorado. O mapa de Sebastião Caboto de 1544 tinha um desenho de onça-pintada nos vales da Pensilvânia e Ohio. Historicamente, a espécie foi registrada no leste do Texas, norte do Arizona e Novo México. Entretanto, desde a década de 1940, a onça-pintada tem se limitado ao sul desses estados. Artefatos de nativos americanos relacionados a esse felino sugerem uma ocorrência desde o Noroeste Pacífico até a Pensilvânia e a Flórida.83
Atualmente, os registros de onça-pintada nos Estados Unidos se resumem a avistamentos eventuais de machos, provavelmente não residentes.64 A espécie foi rapidamente eliminada pelos americanos nos Estados Unidos. A última fêmea foi morta em 1963, nas White Mountais, no Arizona. A caça da onça-pintada foi proibida em 1969, mas já não restava nenhuma fêmea, e os únicos dois machos encontrados foram mortos. Em 1996, Warner Glenn, um fazendo e guia de caça de Douglas, encontrou uma onça-pintada nas Montanhas Peloncillo e se tornou um pesquisador da espécie, instalando câmeras que registraram outros quatro indivíduos.84 Nenhum desses machos registrados no Arizona durante 15 anos foram avistados dede 2006.85 Até que, em 2009, um indivíduo nomeado Macho B, morreu logo após ter sido marcado pelo Arizona Game and Fish Department (AGFD). Em 2011, um macho de cerca de 90 kg foi fotografado perto de Cochise, sul do Arizona, após ter sido detectado por seus cães. Um segundo avistamento foi feito em 2011, também no Arizona, e pesquisadores confirmaram a presença de dois indivíduos próximo à fronteira com o México em 2010.86 Em setembro de 2012, outro indivíduo foi fotografado na Serra de Santa Rita do Arizona, o segundo registro em dois anos.87 aparentemente, esse mesmo indivíduo foi fotografado inúmeras vezes em 9 meses, até junho de 2013.88
Em 1996 e 2004, guardas florestais no Arizona fotografaram e documentaram onças na parte sul do estado. Entre 2004 e 2007, dois ou três onças foram reportadas por pesquisadores ao redor do Refúgio Nacional da Vida Selvagem Buenos Aires no sul do Arizona. Um deles, chamado "Macho B", já havia sido avistado em 1996.89 Para que exista uma população permanente e viável nos Estados Unidos, a proibição da caça, qa existência de presas, e a conectividade com populações do México são essenciais.90 Em 25 de fevereiro de 2009, um macho de 53,5 kg foi capturado e marcado em um área a sudoeste de Tucson, que é uma região muito ao norte do que esperado, significando que deva existir alguma população residente no sul do Arizona.91 Esse ano era o mesmo que foi fotografado em 2004.91 Em 2 de março de 2009, descobriu-se que esse indivíduo, "Macho B", possuía insuficiência renal, e foi eutanasiado.92 É a onça-pintada com maior longevidade em estado selvagem.92
O muro fronteiriço Estados Unidos-México pode inviabilizar o estabelecimento de populações de onça-pintada nos Estados Unidos, já que pode impedir o fluxo gênico com indivíduos residentes no México.93
Aspectos culturais
Em culturas pré-colombianas das Américas Central e do Sul a onça-pintada foi um símbolo de força e poder. Entre as culturas andinas, o culto ao jaguar foi disseminado pela cultura Chavín e passou a ser aceito na maior parte do que é hoje o Peru a partir de 900 a.C. A cultura Moche, do norte do Peru, utilizava a onça como símbolo de poder em muitas das suas cerâmicas.94 95 96
Na Mesoamérica, a cultura Olmeca, precoce e influente na região da Costa do Golfo, aproximadamente contemporânea da cultura Chavín, desenvolveu um distinto "homem-jaguar" motivo de esculturas e figuras que mostram onças estilizadas ou seres humanos com características de onça. Na civilização maia, acreditava-se que a onça-pintada facilitava a comunicação entre os vivos e os mortos e protegia a família real. Os maias viam esses felinos poderosos como os seus companheiros no mundo espiritual. Uma série de governantes maias tinham nomes que incorporavam a palavra maia para a onça-pintada, b'alam. A civilização asteca compartilhou essa imagem do jaguar como representante do governador e como guerreiro. Os astecas formaram uma classe de guerreiros de elite conhecidos como guerreiros jaguares. Na mitologia asteca, a onça-pintada foi considerada o animal totêmico do poderoso deus Tezcatlipoca.97
Cultura contemporânea
A onça-pintada ainda é amplamente usada em manifestações simbólicas. É o animal nacional da Guiana, e é representada em seu brasão.98 A bandeira do Departamento do Amazonas, da Colômbia, representa uma silhueta preta de onça pulando em direção a um caçador.99 A onça-pintada também é representada na cédula de cinquenta reais, no Brasil.100 Mesmo em indígenas sul-americanos contemporâneos a onça faz parte da mitologia e folclore, sendo um animal que é capaz de dar aos homens, o poder sobre o fogo.
O sinônimo de onça-pintada, "jaguar", é utilizado amplamente em nomes de marcas, como no carro Jaguar. Esse mesmo nome também é utilizado em franquias esportivas, como no time da National Football League, Jacksonville Jaguars, e no time de futebol mexicano, Jaguares de Chiapas. Uma banda de rock ganhadora do Grammy, "Jaguares", teve a escolha de seu nome baseada na imponência da onça-pintada, conhecida como jaguar em vários países da América Latina.
Uma onça-preta perdida em uma cidade da América do Sul é o personagem central no romance de 1941, Black Alibi, de Cornell Woolrich.
Nos Jogos Olímpicos de Verão de 1968, na Cidade do México, uma onça-pintada vermelha foi o primeiro mascote oficial.101

Raposa do Mato

RAPOSINHA-DO-MATO
Reino: Animalia

Filo: Chordata

Classe: Mammalia

Ordem: Carnivora

Família: Canidae

Género: Pseudalopex

Espécie/Nome Científico: Pseudalopex vetulus

Nome Popular: Raposa-do-campo

Alimentação: Se alimenta principalmente de insetos (cupins e besouros), também faz parte de sua dieta roedores, lagartos, serpentes e frutos.

Reprodução: A gestação dura cerca de 60 dias, nascendo entre 2 e 4 filhotes, a fêmea da à luz em tocas e pode mudar os filhotes de local caso se sinta ameaçada.

Tamanho: Mede cerca de 90 cm da cabeça à ponta da cauda, pesa entre 2,5 a 4 kg

Habitat: Espécie endêmica do Brasil, vive na região central do país em áreas de cerrado. A espécie é bem adaptável e pode ser encontradas em pastagens para o gado e plantações.

Atividade: Noturna, vive solitária, podendo ser observada em casais na época de reprodução.
Características: Orelhas grandes, focinho pequena e uma mancha escura no inicio do rabo

Orquídea Azul



Orquídea
Orquídeas são todas as plantas que compõem a família Orchidaceae, pertencente à ordem Asparagales, uma das maiores famílias de plantas existentes. Apresentam muitíssimas e variadas formas, cores e tamanhos e existem em todos os continentes, exceto na Antártida, predominando nas áreas tropicais. Majoritariamente epífitas, as orquídeas crescem sobre as árvores, usando-as somente como apoio para buscar luz; não são plantas parasitas, nutrindo-se apenas de material em decomposição que cai das árvores e acumula-se ao emaranhar-se em suas raízes. Elas encontram muitas formas de reprodução: na natureza, principalmente pela dispersão das sementes mas em cultivo pela divisão de touceiras, semeadura in-vitro ou meristemagem.
A respeito da enorme variedade de espécies, pouquíssimos são os casos em que se encontrou utilidade comercial para as orquídeas além do uso ornamental. Entre seus poucos usos, o único amplamente difundido é a produção de baunilha a partir dos frutos de algumas espécies do gênero Vanilla, mas mesmo este limitado pela produção de um composto artificial similar de custo muito inferior. Mesmo para ornamentação, apenas uma pequena parcela das espécies é utilizada, pois a grande maioria apresenta flores pequenas e folhagens pouco atrativas. Por outro lado, das espécies vistosas, os orquidicultores vêm obtendo milhares de diferenteshíbridos de grande efeito e apelo comercial.
Apesar da grande maioria das espécies não serem vistosas, o formato intrigante de suas flores é muito atrativo aos aficcionados que prestam atenção às espécies pequenas. Como nenhuma outra família de plantas, as orquídeas despertam interesse emcolecionadores que ajuntam-se em associações orquidófilas, presentes em grande parte das cidades por todo o mundo. Estas sociedades geralmente apresentam palestras frequentes e exposições de orquídeas periódicas, contribuindo muito para a difusão do interesse por estas plantas e induzindo os cultivadores profissionais a reproduzir artificialmente até espécies que poucos julgariam ter algum valor ornamental, contribuindo para diminuir a pressão sobre a coleta das plantas ainda presentes na natureza
Distribuição
Embora sua distribuição seja bastante irregular, as orquídeas são encontradas praticamente em todas as regiões do planeta, com exceção da Antártida. Devido a grande distribuição geográfica, é natural que um grupo tão diverso também apresente adaptações aos mais diferentes climas, bem como a multiplicidade dos agentes polinizadores presentes em cada região.1 Trata-se de uma família em ativo ciclo evolutivo e seus gêneros mais próximos cruzam-se com certa facilidade na natureza, desafiando o antigo conceito botânico em que uma espécie é formada por todos os indivíduos capazes de cruzar com a produção de descendentes férteis.2
A predominância das espécies ocorre nas regiões tropicais, notavelmente nas áreas montanhosas, que representam barreiras naturais e isolam as diversas populações de plantas. Algumas áreas principais são as ilhas e a área continental do sudeste asiático e a região das montanhas da Colômbia e Equador onde se pode encontrar um grande número de espécies, devido ao isolamento das espécies pelas diversas ilhas ou separadas pelas cadeias de montanhas, ocasionando elevado número de endemismos. O terceiro local emdiversidade possivelmente é a mata Atlântica brasileira com mais de mil e quinhentas espécies.3 Outras áreas importantes são as montanhas ao sul do Himalaia na Índia e China, as montanhas da América Central e o sudeste africano, notadamente a ilha deMadagascar.4 5 6 7 8
A Colômbia é o país onde existe o maior número de espécies registradas, chegando ao número de 4 010,9 , imediatamente seguido pelo Equador, com 3 549,9 , Nova Guiné, com 2 717,9 e Brasil, que totaliza 2 590.9 Entre outros, Borneu, Sumatra, Madagascar,Venezuela e Costa Rica, são países com elevado número de espécies.10
Podemos dividir de maneira grosseira a presença de orquídeas pelos continentes do seguinte modo:11
·         Eurásia - entre 40 e 60 gêneros
·         América do Norte - entre 20 e 30 gêneros
·         América Latina - entre 300 e 350 gêneros
·         África tropical - entre 125 e 150 gêneros
·         Ásia tropical - entre 250 e 300 gêneros
·         Oceania - entre 50 e 70 gêneros
Os tipos de orquídeas que predominam em cada uma dessas áreas também são muito variáveis. Nas regiões tropicais úmidas, onde aluz e a umidade são abundantes, porém a competição com espécies arbóreas é muito forte, as orquídeas assumem um hábito predominantemente epifítico.12 Em busca de luz sob a sombra de árvores de mais de até 40 metros de altura, estas ervas crescem sobre os galhos e troncos, a alturas variadas de acordo com as necessidades de cada espécie. Suas raízes, expostas ao ar, obtêm a maior parte dos nutrientes do material em decomposição ao seu redor, da água da chuva que lava as folhas das árvores no alto, ou dapoeira existente no ar. Entremeado ao velame, existe um fungo chamado micorriza que auxilia na decomposição de matéria orgânica e na transformação desta em sais minerais, para facilitar sua absorção. Em casos extremos de umidade, as orquídeas podem absorver aágua e os nutrientes pelos poros em suas folhas, relegando as raízes apenas a função de sustentar a planta sobre o substrato. Nenhuma orquídea assume a função de parasita, ou seja, sua presença não prejudica seus hospedeiros embora haja casos excepcionais em que o galho de uma árvore não suporte o peso de uma grande colônia de orquídeas e venha a quebrar. Há também muitas espécies terrestres, algumas destas, nas regiões tropicais, mantêm-se em desenvolvimento constante durante todo o ano.12 A grande quantidade de matéria orgânica disponível no solo da floresta favorece o surgimento de algumas poucas espécies saprófitas, orquídeas desprovidas de clorofila que obtêm toda a matéria orgânica de que precisam do material em decomposição ao seu redor.13
Em regiões de clima temperado, onde a relva é predominante, ou em regiões de secas como as áreas de savana e os campos rupestres, as orquídeas são basicamente plantas terrestres, com raízes subterrâneas bem desenvolvidas, às vezes com a formação detubérculos equipando-as para resistirem ao frio e à neve, ou à seca prolongada e ao fogo. O frio congelaria as espécies epífitas que não têm raízes abrigadas para armazenarem os nutrientes necessários para a brotação na primavera. Também o fogo consumiria inteiramente as plantas epífitas. Nestas áreas de clima sazonal, as plantas normalmente passam por um estágio de dormência, em que, muitas vezes, sua parte aérea seca para evitar danos à sua fisiologia devido à seca, ou ao frio extremo.14
Algumas espécies são consideradas ameaçadas de extinção na natureza, tanto pelas coletas indiscriminadas como pelo corte dasflorestas para agricultura e mesmo pela utilização de agentes desfoliantes em guerras ocorridas no passado.15 Surpreendentemente, a maioria das espécies consideradas ameaçadas de extinção estão entre as mais comuns em cultivo e das quais há maior produção comercial.16 A maioria das espécies realmente raras não está presente nestas listas por não apresentarem verdadeiro valor comercial e pouco interesse despertarem. De modo geral, pelo seu baixo valor comercial, os governos não fazem levantamentos sobre a populaçãode orquídeas presentes na natureza e os que existem são apenas resultado de estudos acadêmicos pontuais.17
É interessante ressaltar ainda o fato de que um único fruto de orquídea carrega centenas de milhares de sementes e que a existência de dois ou três indivíduos em cultivo pode produzir no espaço de poucos anos elevadíssima quantidade de plantas, tornando a ameaça de extinção desta planta muito diferente da ameaça de extinção de uma animal, que produz apenas poucos filhos por gestação.18 19
Etimologia
O nome orquídea vem do grego όρχις (órkhis) que significa testículo e ειδος (eidos) que significa: aspecto, forma; em referência ao formato dos dois pequenos tubérculos que as espécies do gênero Orchis apresentam.20 Como este gênero foi o primeiro gênero de orquídeas a ser formalmente descrito, dele derivou o nome de toda a família.21
Taxonomia
Orchidaceae é considerada uma das maiores, senão a maior entre todas as famílias botânicas.11 O número de espécies de orquídeas é próximo a vinte cinco mil, correspondendo a cerca de 8% de todas as plantas com sementes.10 A quantidade de espécies aceitas é quatro vezes maior que a soma do número de mamíferos e o dobro das espécies de aves.22 Esses imponentes números desconsideram a enorme quantidade de híbridos e variedades produzidos por orquidicultores todos os anos. Além disso, anualmente centenas de espécies novas são descritas, tanto fruto de revisões de gêneros há muito estabelecidos, mas cujas espécies não se encontravam bem determinadas, como novas espécies encontradas na natureza.23
A família Orchidaceae foi estabelecida em 1789 por Antoine Laurent de Jussieu ao publicar seu Genera Plantarum.21 Antes de Jussieu classificar a família, Linnaeus já havia descrito oito gêneros de orquídeas que, no entanto, não se constituíam em uma família à parte. Todas as espécies epífitas então pertenciam ao gênero Epidendrum.24
Desde a criação da Orchidaceae a pesquisa sobre estas espécies tem sido ininterrupta. Sua classificação sofreu diversas revisões e o número de gêneros conhecidos em que se dividem vem aumentando ao longo dos anos, atualmente elevando-se a mais de 800.25 O número exato é incerto, pois não há consenso sobre a melhor maneira de dividir os gêneros. Conforme a referência consultada, os gêneros aceitos são diferentes ocasionando esta grande variação numérica, basta comparar a quantidade de gêneros publicados desde 2002 para classificação das espécies anteriormente subordinadas ao gênero Dendrobium26 e os gêneros aceitos pelo banco de dados do Royal Botanic Garden.10 A tendência mais recente é a classificação baseada em caracteres moleculares, ou genéticos, chamadafilogenética, que teoricamente reflete as relações evolutivas entre os grupos de espécies, no entanto, este sistema ainda é novo e nem todos os estudiosos aceitam-no plenamente, muitos ainda preferindo a avaliação morfológica. Grande debate ocorre pelos membros de ambas as tendências como se conclui pelas palavras do filogenista Mark Chase, que relega a morfologia a plano secundário,27 e impacientes palavras de Carlyle August Luer, um morfologista que há trinta anos vem se dedicando às espécies da subtriboPleurothallidinae,28 com as regras de Mark Wayne Chase.22 29
As espécies de orquídeas são um desafio para os teóricos em Biologia, no que diz respeito ao próprio conceito de espécie, aquela formada por indivíduos capazes de reproduzirem-se produzindo descendentes férteis. A maioria das espécies de orquídeas é capaz de cruzar com as espécies próximas e produzir híbridos férteis. Estes híbridos ainda podem ser cruzados com outras espécies, e produzir novas gerações de híbridos férteis. Mesmo a maioria dos gêneros próximos pode cruzar produzindo descendentes férteis. Há inumeráveis híbridos entre espécies, e milhares mesmo entre gêneros. Há híbridos obtidos através do cruzamento de várias gerações de híbridos de quatro ou mais gêneros distintos. Este fenômeno é um dos trunfos dos orquidicultores, que podem misturar suas espécies e obter uma combinação quase infinita de novas formas e cores, mas híbridos ocorrem também naturalmente sem a intervenção humana.12 É possível que várias espécies classificadas pelos botânicos sejam, na verdade, híbridos naturais há muito estabelecidos na natureza.30
Como o conceito tradicional de espécie, não se aplica às orquídeas, a delimitação exata de cada espécie de orquídea também muitas vezes é bastante complicada. Muitos grupos encontram-se isolados e apresentam pequenas diferenças morfológicas que alguns estudiosos julgam suficientes para o estabelecimento de espécies independentes enquanto outros julgam estas variações apenas como características normais de endemismos, sem importância suficiente para caracterizar uma espécie à parte.17 Assim também o número exato de espécies de orquídeas aceito pela comunidade científica é altamente variável conforme a referência consultada. É estimado que existam 50 mil espécies de orquídea, sendo que 20 mil delas são encontradas na natureza e outras 30 mil foram criadas a partir do cruzamento de espécies diferentes. No meio científico é estimado que mais de 5 mil orquídeas nativas ainda serão descobertas.31 32
Há ainda complicadores em que espécies próximas cruzam-se habitualmente, produzindo grupos de plantas levemente diferentes e mesmo novas espécies muito próximas a uma das espécies originais, ou casos em que as espécies originais acabam por mesclarem-se totalmente aos descendentes produzindo grupos de plantas muito variáveis.33 A tendência moderna é a de se classificar estas espécies de difícil delimitação em complexos que algumas vezes de fato constituem-se por muitas espécies intermediárias de difícil separação. Nestes casos, nota-se claramente a diferença entre alguns indivíduos extremos, mas a maioria é de difícil identificação. Há muitos exemplos, dentre os quais citamos os complexos da Brasiliorchis picta34 , do Anacheilium vespa35 , da Heterotaxis crassifolia36 , e inumeráveis outros.
A família Orchidaceae divide-se em cinco subfamílias (números estimados de gêneros e espécies pelo Phylogeny Group):
·         Apostasioideae, Reichenbach
Plantas com pólen pastoso ou farinoso, que geralmente não formam polínias, com duas ou três anteras férteis linear-lanceoladas, folhas de bases embainhadas, estaminóide alongado e labelo similar às pétalas. São 2 gêneros e 16 espécies do Sudeste Asiático;
·        Cypripedioideae, Lindley
Plantas com pólen pastoso ou farinoso, que geralmente não formam polínias, com duas anteras férteis oblongas ou ovais, folhas de bases embainhadas, estaminóde em formato de escudo e labelo geralmente saquiforme. São 5 gêneros e 170 espécies das regiões temperadas do mundo, poucas na América tropical;
·         Vanilloideae, Szlachetko
Plantas com pólen pastoso ou farinoso, que geralmente não formam polínias, com uma antera fértil incumbente e folhas sem bases embainhadas. São 15 gêneros e 250 espécies na faixa tropical e subtropical úmida do globo, e leste dos Estados Unidos;
·         Orchidoideae, Lindley
Plantas com pólen coeso formando polínias, uma antera fértil ereta ou tombada para trás e folhas enroladas claramente plicadas, raízes frequentemente carnosas. São 208 gêneros e 3630 espécies distribuídas em todo mundo, exceto nos desertos mais secos, no círculo Ártico e na Antártida;
·         Epidendroideae, Lindley
Plantas com pólen coeso formando polínias, com antera incumbente, ou tombada para trás mas então com folhas claramente plicadas e raízes raramente carnosas. Formada por mais de 500 gêneros e cerca de 20.000 espécies distribuídas sobre as mesmas regiões de Orchidoideae, embora existam algumas espécies subterrâneas no deserto australiano.
A divisão das espécies pelos gêneros é muito irregular. Há grande quantidade de gêneros com apenas uma espécie e alguns com mais de mil. Apesar de muitos destes grandes gêneros estarem passando por processos de revisão e divisão em gêneros menores e mais manejáveis, citamos aqui alguns como estavam até recentemente.10 Bulbophyllum com quase duas mil espécies; Lepanthes, Stelis,Epidendrum, Pleurothallis, e Dendrobium com mais de mil; Oncidium, Habenaria e Maxillaria com cerca de 700, e Masdevallia com mais de 500.
Morfologia
Entre todas as características distintivas da família Orchidaceae, muito poucas são compartilhadas por todas as espécies devido ao fato destas encontrarem-se em diferentes estágios evolucionários. Alguns grupos divergiram do grupo principal nos primeiros estágios evolutivos da família, enquanto outros permaneceram constantes por muito tempo.37
Entre as características que distinguem esta família as mais importantes são:1
·         A presença da coluna, estrutura originada pela fusão de seus órgãos sexuais masculinos e femininos;
·         Grãos de pólen agrupados em estruturas cartilaginosas chamadas polínias;
·         Sementes muito pequenas, quase sem nutrientes, formada por agrupamentos com poucas células, as quais somente germinam na presença de certos fungos;
·         Flores de simetria lateral, não radial, constituídas por seis segmentos, três externos chamados sépalas e três internos, chamados pétalas. Das pétalas, uma bastante diferenciada, chama labelo, normalmente responsável pela atração de agentes polinizadores para a coluna da flor. As flores das orquídeas costumam apresentar-se invertidas de sua posição normal devido à torção do ovário em 180º durante o crescimento dos botões, em um processo chamado ressupinação;
·         A maioria das espécies epífitas apresenta as raízes cobertas por estrutura esponjosa chamada velame;
·         São plantas de duração indeterminada pois crescem indefinidamente, de modo contínuo ou em surtos anuais, teoricamente por tempo ilimitado. Muito pouco se sabe sobre a idade que uma orquídea pode alcançar porém há registros de sua longevidade tanto pelo exemplar mais antigo em cultivo no Royal Botanic Garden, que tem mais de 200 anos, como por uma planta pertencente à Círculo Americanense de Orquidófilos, já há mais de cem anos em cultivo.
Para todas as características citadas acima há abundantes exceções, no entanto todas as orquídeas compartilham em diferente grau diversas destas qualidades.1
Hábitat
As orquídeas adaptaram-se aos mais variados ambientes. Podem ser terrestres, crescendo tanto em campinas e savanas em meio à relva, como sobre o solo de florestas sombrias; epífitas sobre árvores ou arbustos, próximas ao solo abrigadas da luz, ou perto do topo das árvores e cactos, submetidas à bastante luz; litófitas crescendo sobre solos rochosos ou apoiadas diretamente nas pedras,psamófitas sobre a areia das praias, saprófitas em turfa e elementos em decomposição no solo, ou raramente aquáticas em brejos e áreas pantanosas. Um caso extremo é uma espécie subterrânea da Austrália da qual apenas ocasionalmente emergem as flores.38
Crescimento
Apresentam crescimento contínuo ou sazonal, simpodial ou monopodial, agrupado ou espaçado, ascendente ou pendente, aéreo ou subterrâneo, o crescimento das orquídeas dá-se de maneiras muito diversas.39 Conforme o ambiente predominam certas formas de crescimento. Nas áreas tropicais o crescimento contínuo é mais comum, porém existem espécies de crescimento sazonal. Em áreas sujeitas a secas ou frio intenso o crescimento costuma ser sazonal. As orquídeas monopodiais costumam crescer de maneira contínua. As simpodiais apresentam certa sazonalidade.12
Raízes
As orquídeas não apresentam raízes primárias, que são raízes centrais principais de onde brotam outras raízes secundárias, mas apenas as raízes secundárias as quais brotam diretamente do caule e ocasionalmente de outras raízes. Frequentemente servem de depósitos de nutrientes e água e ajudam as plantas a reterem e acumularem de material nutritivo que se deposita em suas bases. Em alguns casos são também órgãos clorofilados capazes de realizarem fotossíntese durante os períodos em que as plantas perdem as folhas. Variam em espessura, de muito finas a extremamente grossas. A estrutura das raízes diferencia-se muito entre as orquídeas, conforme a maneira e local onde crescem.39 Portanto, trata-se mais de um rizoma do que propriamente de uma raiz estruturada.
As espécies epífitas geralmente apresentam robustas raízes, cilíndricas enquanto aéreas, as quais assumem formato achatado após aderirem ao substrato. Em regra são recobertas por espessa superfície esponjosa e porosa denominada velame, tecido altamente especializado na absorção de água ou umidade do ar.37
As espécies terrestres normalmente encontram-se espessadas em pequenas ou grandes estruturas parecidas com tubérculos de esféricos a longamente cilíndricos que servem de reserva de nutrientes e água e substituem os pseudobulbos presentes nas espécies epífitas. Ocasionalmente estes tubérculos separam-se da planta principal originando novas plantas.37
A durabilidade das raízes varia em função dos fatores ambientais e geralmente é inferior à duração dos caules. Novas raízes costumam brotar durante ou no final do período de crescimento vegetativo da planta.37
Apesar de geralmente não ser a fonte principal de nutrientes das orquídeas, estas geralmente valem-se da associação com um fungo chamado Micorriza que se aloja nas células exteriores do velame de suas raízes e excreta diversos nutrientes então diretamente absorvidos por suas raízes.37
Caules
Nas espécies epífitas de crescimento simpodial o caule geralmente é composto por parte reptante, curta ou longa, fina ou espessa, chamada rizoma e parte aérea que pode ou não encontrar-se espessada em estrutura para reserva de água e nutrientes conhecida como pseudobulbo. Em alguns gêneros epífitas, particularmente em alguns gêneros relacionados às Huntleya o caule secundário aéreo encontra-se reduzido a um nódulo ínfimo que origina as folhas.40
Nas espécies epífitas de crescimento monopodial o caule é único e aéreo, ereto ou pendente, e não se encontra espessado em pseudobulbos, sendo ajudado no armazenamento de nutrientes pelas folhas e raízes que brotam continuamente ao longo de todo o caule.39
As espécies terrestres podem ou não apresentar caules desenvolvidos e estes, diferente das epífitas, que sempre apresentam caules perenes, podem ser parcialmente decíduos. Algumas das orquídeas terrestres apresentam caules muito longos, que podem chegar a mais de seis metros de comprimento.39
Folhas
A grande maioria das orquídeas apresenta folhas com enervação paralela de cruzamentos dificilmente visíveis. Usualmente dispostas em duas carreiras opostas e alternadas em ambos os lados do caule. Muitas espécies apresentam apenas uma folha terminal. O formato, espessura, estrutura, quantidade, cor e tamanho e maneira de crescimento das folhas varia enormemente.39
·         A forma das lâminas foliares pode ser circular, elíptica, lanceolada, obovada, linear, espatulada, oblonga, além infindável variedade de outras formas intermediárias destas.
·         A ponta das folhas pode ser arredondada, reta, acuminada, fina ou espessa, radial, ou desigual.
·         Suas margens geralmente são suaves, parcialmente curvas, raramente denticuladas
·         A estrutura das folhas pode apresentar pecíolo ou não, com diferente número de enervações longitudinais paralelas, bastante visíveis ou quase imperceptíveis a olho nu
·         A espessura das folhas varia de muito finas e maleáveis ou carnosas, firmes e quebradiças até inteiramente suculentas
·         Geralmente verdes nas mais diversas gradações, suas cores podem ainda variar completamente conforme a face, de vermelho a marrom escuro, tons acinzentados, azulados ou amarelados. Algumas espécies apresentam folhas maculadas, estriadas ou pintalgadas por cores diversas.
·         Geralmente com superfície brilhante, podem ainda apresentar-se foscas ou com aparência farinosa.
Algumas espécies são desprovidas de clorofila nas folhas. A maioria das espécies conserva suas folhas por alguns anos mas algumas perdem as folhas logo após o período de crescimento e outras apenas em condições ambientais desfavoráveis. Existem ainda alguns gêneros nos quais as folhas são apenas rudimentares, dando a impressão de serem constituídas apenas pelas raízes e flores. Nestes casos as raízes são responsáveis pela fotossíntese.37
Inflorescência
As inflorescências, de acordo com a espécie, podem ter de uma a algumas centenas de flores, e podem ser apicais, laterais ou basais,racemosas ou paniculadas, formando ramos, corimbos ou umbelas, com flores simultâneas ou abrindo em sucessão, ao longo da inflorescência ou brotando sempre no mesmo local. Algumas espécies apresentam estruturas perenes que servem apenas para floração como no caso das espécies do gênero Psychopsis e algumas das Masdevallia. As flores geralmente apresentam brácteas em sua base, muitas vezes extremamente reduzidas em tamanho, ou bastante grandes e até mais vistosas que as flores, como em algumas espécies do gênero Eria e Cyrtopodium. A inflorescência das espécies do gênero Dimorphorchis pode estender-se por quase cinco metros com flores espaçadas em quase um metro. A inflorescência das Octomeria mede poucos milímetros de comprimento.39
Flores
Dentre todas as famílias de plantas possivelmente as orquídeas é a família que apresenta maior espectro de variação floral. Geralmente apresentam flores hermafroditas mas, além destas, em alguns gêneros podem apresentar flores exclusivamente masculinas ou femininas.39
O tamanho das flores varia de dois milímetros a mais de vinte centímetros. Suas cores vão de quase transparentes ao branco, com tons esverdeados, rosados ou azulados até cores intensas, amarelos, vermelhos ou púrpura escuro. Muitas flores são multicoloridas.39
As flores normalmente apresentam simetria bilateral, com seis tépalas divididas em duas camadas, três externas chamadas sépalas e três internas denominadas pétalas. Tanto as sépalas como as pétalas são grandemente variáveis em formato e tamanho e podem ocasionalmente apresentar-se parcialmente ou inteiramente soldadas. A pétala inferior das orquídeas a que chamam labelo, sempre é diferenciada, ou expandida, podendo ser bastante simples e parecida com as outras pétalas ou apresentar calos, lamelas ou verrugas, formatos e tamanhos muito variados até bastante intrincados com cores diversas e contrastantes. Em muitos gêneros o labelo apresenta um prolongamento tubular oco ou um nectário próximo ao local em que se fixa à coluna, o qual recebe o nome de calcar. A observação das estruturas e padrões do labelo é uma das maneiras mais simples de reconhecer as diferentes espécies de orquídeas.39
Os órgãos reprodutivos (androceu e gineceu) encontram-se reduzidos e fundidos em uma estrutura central chamada coluna, ginostêmio ou androstilo. O número de estames varia entre as subfamílias: Apostasioideae possui três; Cypripedioideae dois, com o estame central modificado; as demais apresentam apenas o estame central funcional, com os dois outros atrofiados ou ausentes. Também a observação das características da coluna ocupa posição importante na identificação das orquídeas.39
Os grãos de pólen quase sempre encontram-se aglutinados em massas cerosas chamadas polínias, mas podem encontrar-se também agrupados em massa pastosa, ou rarissimamente soltos. As polínias ficam penduradas em uma haste chamada caudículo ou estipe, conforme sua estrutura, presas por um disco viscoso chamado viscídio, coladas por um líquido espesso secretado pelo rostelo. A maioria das espécies epífitas apresenta uma pequena capa recobrindo as polínias, denominada antera. O estigma é normalmente uma cavidade na coluna, onde as polínias são inseridas pelo agente polinizador. O ovário é ínfero, tricarpelar e possui até cerca de um milhão de óvulos.39
Fruto
Praticamente todas as orquídeas apresentam frutos capsulares. Eles claramente diferem em tamanhos, formas e cores. As epífitas apresentam frutos muito mais espessos com paredes carnosas, espécies terrestres apresentam frutos mais finos com paredes mais delicadas. Geralmente são triangulares, mais ou menos arredondados, com números de lamelas que variam de três a nove. Alguns são lisos outros rugosos ou mesmo cheios de tricomas, verrugas ou protuberâncias em sua superfície. Os frutos desenvolvem-se com o engrossamento do ovário na base da flor, o qual geralmente é dividido em três câmaras. Quando maduro o fruto seca e abre-se em três ou seis partes ao longo do comprimento, embora não inteiramente, mantendo-se sempre preso à inflorescência. Boa parte das sementes logo cai, depositando-se entre as raízes da planta mãe, as sementes são também amplamente dispersas com o vento por longas distâncias.39
Sementes
Quase todas as orquídeas apresentam sementes minúsculas e leves, constituídas por um pequeno aglomerado de células de cobertura abrigando um embrião. Cada planta produz de centenas de milhares de sementes em cada uma de suas cápsulas. Ao contrário da maioria das plantas, as quais produzem um endosperma capaz de alimentar o desenvolvimento do embrião em seus primeiros estágios, as orquídeas utilizam-se de um processo simbiótico o fungo Micorriza que excreta os nutrientes utilizados pela jovem orquídea a partir da decomposição pelo fungo do material encontrado próximo à semente. Tão logo o embrião é capaz de realizar a fotossíntese, este processo torna-se responsável pela alimentação da planta e a Micorriza não é mais necessária, no entanto, algumas espécies de orquídeas saprófitas nunca serão capazes de realizar a fotossíntese plenamente e permanecem dependentes do fungo por toda a vida. Algumas espécies de orquídeas, por exemplo as do gênero Bletilla, apresentam alguma quantidade de endosperma. Poucas espécies de orquídeas têm sementes grandes, estas são representadas principalmente pelos membros da subfamília Vanilloideae.37
Polinização
A maioria das flores de outras plantas utiliza-se de ofertas de alimento aos agentes polinizadores para atraí-los. As orquídeas, sendo plantas tão econômicas, que vivem de recursos tão esparsos, desenvolveram outras técnicas de atração que raramente incluem estes prêmios em forma de alimento. As formas mais comuns são o mimetismo a alguma forma que interesse aos insetos, cores, perfumesou cera. Adaptaram-se também em sua forma de modo a forçar os agentes polinizadores a carregarem o pólen ao visitarem as flores, porém de maneira tão completa que somente o agente polinizador correto ajusta-se ao mecanismo da flor, outros visitantes não carregam o pólen. Isto ocorre devido ao fato de todo o polén estar condensado em somente um polinário e este ser removida completo de uma vez, ou seja, a chance de polinização da flor é única. Da mesma forma o labelo de suas flores apresenta grande variedade de estruturas que objetivam colocar o agente polinizador na posição correta para que as polínias aderidas a ele alojem-se na posição exata no estigma da flor.37
Por serem plantas geralmente epífitas, o material disponível para sua nutrição é limitado e a água disponível somente a partir daschuvas ou umidade presente no ar, assim as orquídeas aprenderam a tirar o maior proveito possível dos poucos recursos disponíveis. Adaptaram-se para o armazenamento de água em caules espessados, quase suculentos, chamados pseudobulbos, ou em raízes altamente porosas revestidas de uma camada esponjosa capaz de absorver umidade do ar, conhecida como velame, ou em folhasbastante espessas, ou ainda, quando terrestres, em pequenos tubérculos radiculares. Pela mesma razão, geralmente são plantas que apresentam longo período de repouso com baixo metabolismo, e rápido crescimento ou floração somente durante a estação em que os recursos são mais abundantes. Muitas perdem as folhas para evitar a desidratação nos períodos mais secos ou durante o período de repouso.12
Pela sua estrutura reprodutiva, as orquídeas obrigatoriamente necessitam do auxílio de agentes externos para o transporte de pólen ao órgão feminino de suas flores, uma vez que a massa polínica é pesada demais para ser levada pelo vento, e a parte receptiva do órgão feminino não é exposta o suficiente para recebê-la. Assim, as orquídeas selecionaram as estratégias mais fascinantes para promover apolinização. As flores podem possuir cores e aromas que atraem a atenção de polinizadores diversos, como abelhas, borboletas,mariposas diurnas e noturnas, besouros e beija-flores. Sua forma e tamanho também correspondem ao tipo de polinizador.37
Algumas flores podem assumir formas extremas. Orquídeas do gênero europeu Ophrys, por exemplo, apresentam a cor e a forma do labelo, ornado por cerdas, de maneira tal que se assemelham a fêmeas de uma certa espécie de abelhas. De forma que o macho, atraído pelo feromônio produzido pela própria flor e pela sua forma, copula com esta por engano, levando consigo as polínias, que depositará na próxima flor que visitar.41
Outras, como o gênero africano Angraecum, com flores noturnas, produzem néctar em tubos extremamente longos na base dos labelos, de modo que somente certas mariposas noturnas com probóscides igualmente longas, podem alcançá-lo. Ao posicionar-se diante das flores, as mariposas esbarram sua cabeça nas anteras, fazendo com que as polínias sejam atiradas e presas em si.42
As flores das orquídeas do gênero Coryanthes, contínuamente secretam um líquido que se deposita em um recipiente formado por seu labelo. Ao tentar coletar este líquido os insetos caem dentro do labelo e somente podem sair por pequena abertura. Ao passar por este estreito espaço levam as polínias em suas costas.43
O labelo das flores do gênero Bulbophyllum são presos à coluna por uma estrutura muito delicada que permite que ele balance com ovento mimetizando o movimento dos insetos.44
As flores do gênero Catasetum podem ser masculinas, femininas ou hermafroditas. As flores masculinas são mais vistosas que as femininas e apresentam duas antenas muito sensíveis próximas ao labelo, as quais, quando tocadas pelos agentes polinizadores, ejetam o polinário com força suficiente para, se não atingirem o inseto, percorrerem mais dois metros de distância em uma fração de segundo.43
Algumas orquídeas, ainda, não produzem néctar, mas perfume. Certas abelhas visitam suas flores para recolherem este perfume, que se acredita ser usado por elas para a síntese de feromônios.45
Algumas espécies auto polinizam-se com facilidade em um processo chamado cleistogamia.46 Enfim, há incontáveis exemplos de estratégias de polinização entre as orquídeas, descrevê-los todos transformaria esta página em um livro. Outros mecanismos de polinização são discutidos nos diversos artigos sobre as espécies de orquídeas.
Evolução
Até recentemente não se sabia o momento exato em que as orquídeas separaram-se dos ancestrais comuns que tem com as outras Asparagales, no entanto, a descoberta do primeiro fóssil destas plantas na República Dominicana em 2007, fez retroceder as estimativas anteriores de que as orquídeas teriam 45 ou 50 milhões de anos para a estimativa atual de 84 milhões de anos. O fóssil descoberto é de uma espécie terrestre similar às espécies hoje classificadas no gênero Microchilus. Tratam-se apenas das polínias de uma flor aderidas às costas de uma abelha que ficou presa e conservada em âmbar desde então.47
A dispersão pantropical de certos gêneros primitivos como Corymborkis e Vanilla parece indicar que isto ocorreu antes que os continentes se separassem inteiramente. No entanto a evolução mais ativa das orquideas ocorreu após esta separação e as diversas áreas tropicais já estavam bem estabelecidas, há cerca de 55 milhôes de anos. Aceita-se também a presunção de que por esta data as cinco espécies de subfamílias já encontravam-se estabelecidas e seus mais primitivos ancestrais bem desenvolvidos.48
O epifitismo de todas as orquídeas decorre de ajustamento às condições ambientais presentes ao longo de sua evolução não se constituindo em caracter ancestral. O desenvolvimento do velame, diminuição das sementes de maneira a poderem ser levadas pelo vento, e associação com a micorriza devem ter ocorrido ao mesmo tempo que esta migração do solo para as árvores. Características compartilhadas pelas orquídeas modernas indicam que o ancestral primitivo destas plantas deveria ser uma planta pequena decrescimento simpodial, rizoma delicado, raízes carnosas, folhas dobradas e inflorescências terminais.49
As flores desenvolveram-se a partir de uma espécie de lírio, aos poucos adaptando-se a cada um dos polinizadores, eliminando estruturas desnecessárias e acrescentando elementos estruturais facilitadores da polinização por agentes específicos. A pétala inferior, por ser o local de pouso dos insetos adaptou-se e diferenciou-se cada vez mais das outras duas pétalas, tornando-se cada vez mais atrativa.49

As orquídeas e o homem
As orquídeas têm fascinado os homens por mais de dois mil e quinhentos anos. Foram utilizadas no passado em poções curativas,afrodisíacos, para decoração e ocuparam grande papel nas superstições.50 Há diversas referências na internet ao interesse do filósofo Chinês Confúcio por estas plantas no entanto a maioria das menções sobre Confúcio e estas flores, em que ressaltava as propriedades de seu perfume ao qual atribuía o caráter Lán, que significa beleza, delicadeza, amor, pureza e elegância, vem de textos publicados por seus seguidores e admiradores. Há pelo menos uma referência às orquídeas feita pelo filósofo em The School Sayings of Confucius no entanto mesmo este possivelmente é um texto apócrifo. O fato de seus seguidores atribuírem a Confúcio as mais diversas citações sobre estas plantas apenas confirma o interesse que já despertavam nesta época. A China tem longa história na apreciação destas flores. Orquídeas são citadas pela literatura antiga e retratadas pela arte chinesa desde o décimo século antes de Cristo, pinturas do começo de dinastia Song, entre 960 e 1127 chegaram até os nossos dias. Todavia, investigações recentes revelam que o cultivo deCymbidium começou apenas no final da dinastia Tang entre 860 e 890 e não nos tempos de Confúcio como se pensava antes. Possivelmente a primeira publicação exclusivamente sobre orquídeas é uma monografia de sobre a cultura extensiva de destas plantas, no final da dinastia Song, entre 1128 e 1283. Pelo trabalho percebe-se que seu cultivo estava já bem estabelecido na China por esta época.51
Na Europa existem registros do período clássico grego de Teofrasto de Lesbos, cerca de 300 AC. Em seu trabalho Historia Plantarum, volume 9, descreve uma planta com dois pequenos tubérculos subterrâneos aos quais chama orchis, que corresponde à palavratestículos, possivelmente um exemplar de Anacamptis morio.52
Antes dos espanhois conquistarem o México a fruta de Tlilxochitl, uma espécie de Vanilla, era a mais estimada dentre as especiariasastecas. Este povo admirava também as Coatzontecomaxochitl, Stanhopea, como flores sagradas as quais cultivavam em seus jardins.53 Os astecas utilizavam também algumas espécies de orquídeas para fabricação de cola.54
A partir do século XVI diversos trabalhos foram publicados na Europa: Leonhart Fuchs em Historia Stirpium (1542)55 , Hieronymus Bock56 em suas anotações volume 2 (1546), Jacques Daléchamps em Historia Generalis Plantarum (1586)57 . Após a publicação deSpecies Plantarum58 por Lineu, em 1753, os registros sobre orquídeas ficaram cada vez mais abundantes. Breve resumo da história de sua classificação encontra-se no artigo sobre a taxonomia da família Orchidaceae.
Antes de introdução de espécies exóticas na Europa, as orquídeas eram há muito cultivadas como plantas de jardim. A primeira orquídea introduzida na Europa foi um exemplar de Brassavola nodosa que chegou na Holanda em 1615. Em 1688 desembarcaram asDisa uniflora vindas da África do Sul.14
Provavelmente devido à sua supremacia, diversas coleções importantes formaram-se na Inglaterra durante o século XIX. Em 1818chegaram os primeiros exemplares de Cattleya labiata provenientes do Brasil, causando grande sensação e reforçando ainda mais o interesse pelas espécies tropicais destas plantas.59
Com o advento dos primeiros vistosos híbridos, no final do século XIX, o interesse por novas plantas provenientes dos trópicos diminuiu um pouco por algumas décadas, até que o interesse científico pela descrição de novas espécies no início do século XX, aumentasse a coleta de plantas e seu envio à Europa, principalmente para jardins botânicos e amadores interessados na recomposição de suas coleções.60
A oferta de híbridos tem aumentado constantemente e as técnicas de semeadura modernas desenvolveram-se muito diminuindo bastante o preço destas plantas, outrora caras. As técnicas de seleção também aprimoraram-se e mesmo espécies naturais de difícil cultivo tem sido selecionadas de modo a tornar viável a cultura doméstica. A oferta de variedade raras de espécies naturais, com cores e formas selecionadas, vem também possibilitando a quase todos a aquisição de plantas antes apenas cultivadas por milionários. Em poucos anos qualquer planta altamente desejável pode ser reproduzida aos milhares61 . Vale notar o exemplo do Phragmipedium kovachii, espécie raríssima, desconhecida da ciência até 2002, hoje comum em coleções ao redor do mundo62 .
Usos
Apesar de sua grande variedade, poucas orquídeas são cultivadas pela sua utilidade. Além dá já citada Vanilla, para produção debaunilha, algumas espécies são localmente utilizadas para produção de aromatizantes de chá, por exemplo, espécies perfumadas deJumellea, perfumes ou tabaco, algumas Vanilla. Na Turquia usam-se os tuberculos da Anacamptis morio para preparação de umsorvete conhecido como salep. No século XIX pseudobulbos de Cyrtopodium eram utilizados como adesivos domésticos no Brasil.12
O verdadeiro valor das orquídeas hoje provém da produção de flores para corte63 , principalmente híbridos dos gêneros Phalaenopsis,Cattleya, Dendrobium, Paphiopedilum e Cymbidium. As mesmas espécies são também bastante vendidas em vasos para ornamentação e cultivo doméstico.64
A Tailândia tem especializado-se na produção de flores de orquídeas para exportação para grandes cidades ao redor do mundo.65 Em 2001 exportou mais de 3 milhões de plantas vendidas por cerca de 40 milhões de dólares.66 Desde então o ministério da agricultura daTailândia reconheceu o potencial desta produção e tem procurado melhorar a qualidade e atratividade de seus clones concedendo certificados aos melhores produtores.67
Nos Países Baixos são produzidas grandes quantidades de híbridos, foi registrado um crescimento de 33% na produção de orquídeas em vasos entre os anos de 2002 e 2003. Nos Estados Unidos estima-se que em 2003 o mercado de plantas envasadas girou cerca de 121 milhões de dólares. Na Tailândia em 2001, 2 240 hectares eram dedicados à produção de orquídeas68 . Em 2008 foram produzidas cerca de 200 milhões de orquídeas em vasos originárias da Alemanha e da Holanda, principalmente híbridos, particularmente de Phalaenopsis69 .
Cultivo
Como são tantas espécies diferentes de ambientes diferentes, é impossível apresentar os cuidados básicos de cultivo para todas elas. Assim, o primeiro passo para cultivar uma orquídea com sucesso é a identificação correta da espécie. Consultar orquidófilos mais experientes pode ser útil caso surja uma planta desconhecida que se queira cultivar. Desta forma pode-se decidir com precisão a iluminação, o regime de regas, o substrato, e outros fatores necessários para o êxito no cultivo. O erro mais comum é plantar orquídeas na terra. Apesar de algumas espécies desenvolverem-se bem neste tipo de substrato, mais de setenta por cento das espécies são epífitas e não se adaptam à umidade excessiva proporcionada pela terra, morrendo em poucos meses. Existem muitos substratos adequados a estas plantas no mercado. Outro erro comum é a colocação de prato sob os vasos, resultando também em umidade excessiva. De modo geral não se devem colocar pratos nos vasos mas sim regá-las com maior frequência deixando então que o substrato seque completamente e suas raízes possam respirar70 71 .
Uma coisa é certa, as orquídeas de maneira geral não são plantas delicadas e frágeis como alguns acreditam. Pelo contrário, estas plantas (principalmente as providas de pseudobulbo) são extremamente resistentes, e podem sobreviver durante dias fora de um substrato. Sua capacidade de sobrevivência lhes permite que tenham tempo para adaptar sua fisiologia a novas condições após o replantio. Os híbridos, por sua vez, são de maneira geral extremamente resistentes, e podem prosperar mesmo em condições adversas de cultivo, crescendo mais rápido que as espécies ditas "naturais"70 71 .
Em boa parte das grandes cidades ao redor do mundo existem associações orquidófilas formadas pelos amadores e profissionais locais. Estas sociedades fazem reuniões periódicas em que se discutem as últimas novidades, trocam-se informações de cultivo, plantas são expostas, avaliadas, trocados ou sorteadas. Realizam palestras e quando há diversas associações similares na redondeza, organizam exposições e campeonatos de cultivo e raridade. A maioria dos países possui uma coordenadoria das associações responsável pela organização e criação de regras para estas exposições e pelo bom funcionamento de cada uma das associações, resolução de disputas, registros em geral, premiações, criação de regras, seleção de juízes, etc. Dois bons exemplos de associações deste tipo são a American Orchid Society [2], AOS, e a Coordenadoria das Associações Orquidófilas do Brasil [3], CAOB. Ambas organizações de utilidade pública, mantém sitios na internet e são boas referências para aqueles que procuram informações sobre orquidófilos em sua região.
O cultivo de orquídeas no sudeste brasileiro é muito comum. São tantas a associações orquidófilas que a cada final de semana há pelo menos duas, por vezes quatro exposições de orquídeas acontecendo ao mesmo tempo em cidades diversas. Frequentar estas associações e exposições é o melhor o melhor modo de aprender sobre o cultivo das orquídeas72 .
Produção

O método mais simples de reprodução, muito utilizado por colecionadores e comerciantes em pequena escala, é a divisão do rizoma. Toma-se uma planta adulta com pelo menos 6 pseudobulbos formados, de preferência logo após o término da floração, e, com uma faca afiada e esterilizada, corta-se o rizoma, de maneira a separar a planta em duas mudas com três pseudobulbos cada. Em casos de plantas maiores, deve-se sempre manter as mudas com o mínimo de 3 ou 4 pseudobulbos para permitir seu rebrotamento. O plantio deve ser feito no substrato adequado à espécie. A muda deve ficar fixa de alguma forma para que as novas raízes possam brotar e se fixar no substrato. Só quando as raízes estiverem restabelecidas as plantas voltarão a crescer73 .